terça-feira, 9 de junho de 2009

Transculturalismo e retórica no Cristianismo Nascente


Em mais da metade da carta de Paulo aos Colossenses [ achei mister acrescentar que considero-a uma carta paulina, da segunda metade da década de 50], ele tem em mente advertir os cristãos daquela comunidade quanto a deturpações do evangelho que ele anuncia, ou concorrência com outras propostas religiosas ou filosóficas aos quais os fiéis estavam expostos, e que poderiam seduzi-los. Seu argumento é que Jesus tal como apresentado no evangelho que ele prega seria o cumprimento das verdades que haveriam em outras doutrinas, e as verdades e as maiores expressões nelas apontariam para ele, sendo que ele seria o firmamento para a salvação deles, não os demais conceitos.

No meio da retórica, uma passagem chama a atenção. Em 1.19, ele emprega o termo pleroma, para falar da plenitude do Ser que está em Cristo. No gnosticismo, [ já mencionamos antes as correntes gnósticas que assimilaram o judaísmo, antes das que o fizeram com os cristãos - RUDOLPH, Kurt. Gnosis: The Nature and History of Gnosticism. NY: Harper and Row -, melhor conhecidas nas cartas Pseudo-Clementinas], é um termo especialmente importante, indicaria o além-do-Ser, algo como a fonte de todos os seres superiores, a abrangência holística de todos os níveis espirituais de onde provinham os aeons.

Ele utiliza um método que consiste em reapresentar e/ou confrontar termos e formulações de doutrinas ou pensamentos alternativos e/ou divergentes de maneira a usa-los como apoio ao seu evangelho, como instrumento de demonstração do papel de Jesus num quadro de pensamento mais amplo numa atividade fagocitária. Em Efésios (considero-a como uma carta adaptada de Colossenses, para uma audiência mais ampla na Ásia Menor, com a ciência de Paulo ou posterior à sua morte), num contexto retórico e polêmico semelhante ao de Colossenses, o autor se vale de tal estratégia também e o termo pleroma também é utilizado semelhantemente.

Não se teria como enxergar de forma mais clara como Paulo teria em mente tal ferramenta ao examinar sua retórica em II Co. 10.4-5, ao falar dos 'raciocínios pretensiosos e todo poder altivo que se ergue contra o conhecimento de Deus. Nós cativamos todo o pensamento para o levar a obedecer a Cristo (...)' – Bíblia de Tradução Ecumênica – TEB.

Não caberia aqui um exame exaustivo das retóricas de Paulo em situações polemizadoras semelhantes, contudo rapidamente se pode apresentar que esta seria uma ferramenta com aplicação sistemática por parte do pensador. À parte da polêmica ainda aberta se o discurso no Aerópago em Atos remete a um discurso real do discípulo, o significativo é que ele fora retratado agindo assim em relação ao pensamento grego, agora não só como ferramenta apologética, mas como estratégia de evangelização por pontos de contato. Em Atos 17.28 temos uma citação de Epimênedes [ a quem se atribui a polêmica do famoso 'paradoxo do mentiroso'], em 'Cretica'.

E Arato, em 'Fenômenos' - numa passagem também encontrada em Cleanto no Hino a Zeus.

É algo coerente com a práxis paulina. Em I Co. 15.33, ele faz o mesmo com Menandro, com um trecho da comédia Thais; em Tito 1.12, novamente com Epimênedes de Creta com a Cretica.

Uma questão intrigante seria se tal fora um procedimento indissiocrático de Paulo, de sua habilidade natural, ou se seria algo fruto de um aprendizado em alguma escola; se seria mesmo algo que se ensinasse nas escolas dos 'doutores da lei'.

Qual seria o cenário propício a visualisarmos a segunda hipótese? Somente se houvessem ocasiões de discussões de mestres da lei judaica com gentios; como apologética, ou mesmo proselitismo. Este último assustaria alguns hoje que têm como certo o caráter não proselitista ou missionário do judaísmo. Mas não necessariamente isso se aplicaria ao judaísmo do século 1 a.C e I d.C, antes da insurreição e destruição do Templo. 'Os prosélitos' são mencionados e ocupam um lugar importante no quadro da disseminação do cristianismo nascente, em destaque vide Atos 6.5. Em Mateus 23.15 se faz menção a uma atividade missionária ativa por parte dos fariseus. Não se pode, com propriedade, considerar que estes esforços eram generalizados e amplamente compartilhados na pluralidade do judaísmo de então; sem sombra de dúvida muitos grupos não concordariam com ele. Mas se dava em escala dispersa o suficiente para chamar a atenção dos gentios:

"Os costumes dessa raça maldita ganharam tanta influência que agora são aceitos por toda parte no mundo. Os vencidos deram sua lei aos vencedores." Sêneca, De superstitione.

Josefo também atesta as conversões de gentios. Aqui, em Guerras Judaicas 7.45, ele se refere ao proselitismo de judeus da Diáspora, em Antioquia: " A quantidade dos muitos gregos que eles atraíam a suas cerimônias religiosas não parava de aumentar, e eles o tinham tornado de alguma forma parte de sua comunidade".

Tal atitude não seria sui generis em toda história do judaísmo. Mesmo no período feudal europeu, o filósofo judaico Maimônedes escrevia na obra Sefer HaMizvot:

'Os sábios dizem que esse mandamento [ i.e. amar ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a alma e de toda a mente] também inclui a obrigação de chamar toda a humanidade a servir a Ele e a ter fé nEle. Pois da mesma forma é que você louva e exalta alguém que você ama e chama os outros a amá-lo, se você ama o Senhor na amplitude da concepção da verdadeira natureza dEle você conseguiu alcançar, sem dúvida chamará o insensato e o ignorante a reconhecer a verdade que adquirira.' The Commandments of Maimonides, por Charles B. Chavel.

Em Assim viviam os contemporâneos de Jesus: cotidiano e religiosidade no judaismo antigo Michael Tilly expõe que 'até mesmo os escribas mais ortodoxos, que desprezam todas essas práticas [i.e.ambientes culturais, intelectuais, lúdicos, desportivos, etc. helênicos] empenhavam-se muitas vezes em realçar, bem no espírito do estoicismo, os aspectos racional, sensato e lógico das leis da Torá. Na sua interpretação das escrituras, recorriam também a métodos assimilados dos intérpretes romanos de Homero, dos estóicos e dos juristas'. pg.19.

Houveram diversos judeus cultos no campo literário com grande apropriação de estruturas de pensamento helênicas, em maior ou menor grau, que poderiam ser conhecidos das classes mais cultas e mesmo empregados em práxis didáticas; visto que, apesar de muitas vezes, ao invés de usar um suporte na cultura grega para a fé judaica, acabassem enquadrando a fé judaica em estruturas gregas, demonstravam clara preocupação de reverência pela Torá e respeito à fé e história da nação judaica. Poderíamos citar DemétrioEupólemoo Samaritano anônimo, Artápano, Fílon de Alexandria , Aristóbulo.

Se constata em muitas obras a preocupação em apresentar que a Torá reunia os pontos mais altos dos ensinamentos éticos e sabedoria de vida do pensamento grego; ou o usufruto de ferramentas intelectuais que ele proporciona. Em graus variados eram conhecidos, e influenciaram pensamentos mesmo que de certa forma para contraporem-se a discordâncias.

Jesus era notório por ter se envolvido com 'publicanos' e outros segmentos da classe 'média' e 'média-alta' menosprezados pelos mestres religiosos judeus, apresentando disposição em se relacionar com eles. A posição financeira de forma alguma poderia ser tomada como sinônimo de serem cultos, porém, sem dúvida os coletores de impostos ou outros poderiam ter uma formação que os possibilitasse ler obras literárias; considero pouco provável que a maioria fosse analfabeta, como afirmam alguns, pois um posto desses de relativo progresso financeiro seria muito cobiçado num contexto de muita pobreza, a despeito dos tabus, e a leitura e escrita, sem dúvida, seria um diferencial para ocupá-lo. Não seria anacronismo mentalizarmos o passatempo de leitura em pessoas de classes correlatas à 'média-alta'. Outrossim também podemos imaginar que dentre os conversos samaritanos, judeus da diáspora, judeus chamados 'helenistas', e prosélitos também tivessem contato com escritos deste nível de interface entre pensamento grego, ou outros até, e o judaísmo, embora conversos com tal nível de cultura devessem sem dúvida ser minoria, temos exemplos de um Paulo, Lucas, Apolo, Priscila, o autor de Hebreus...

Além disso, tal prática apologética/didática/missionária poderia ser igualmente usada diante de próprios pontos controversos oriundos do judaísmo. Perspectivas, crenças e expectativas judaicas que eram polêmicas para com o cristianismo poderiam ser sujeitas do mesmo recurso tal como mencionamos em relação às outras linhas de pensamento ou visões de mundo. O livro de Hebreus ilustraria isso através das diversas drashs - 'interpretação; descobrir o significado através da midrash, por comparação palavras e formas e também por ocorrências semelhantes noutros locais'- desenvolvidas envolvendo a figura de Melquisedeque, Moisés, os serviços rituais do Templo...

Um exemplo bem concreto. Podemos ver que Jesus é retratado nos evangelhos, sobretudo em Mateus, participando de polêmicas em relação da interpretação do sentido da Lei evocando sua própria autoridade. Através do emprego do 'Amén, amén' (nas traduções portuguesas se emprega normalmente 'em verdade, em verdade'), ou quando dizia, de forma ainda mais enfática, em referência ao que a audiência conhecia do que foi ensinado aos antepassados, mas, 'porém', o que era para ser – 'eu vos digo' – era x, y... não podemos nunca deixar de considerar que o que se concebia era que esse ensinamento repassado provinha do que Moisés recebera de Deus diretamente. Isso é algo escandaloso e uma reivindicação que soaria megalomaníaca. Por isso ele é retratado no diálogo com um jovem rico de outra maneira igualmente escandalosa. Não havia na riqueza dele nada tradicionalmente condenável, como esbanjamento, opulência, fruto de opressão, roubo, etc.; muito pelo contrário, era algo que a literatura sapiencial ressaltava como fruto da vida virtuosa sobre observância da lei, e os evangelistas ressaltam isso destacando que tal se dara 'desde a juventude'. E no relato Jesus o confrontara o chamando a abrir mão de tudo, num quadro em que é nitidamente destacado que segui-lo incondicionalmente é mais essencial para entrar no Reino do que a Torá.

Ed Parish Sanders
acentuava que 'embora ele não se opusesse à lei, ele indicava, sim, que o mais importante era aceita-lo e segui-lo' e mais adiante (...)'considerava ter total autoridade para falar e agir em nome de Deus'. Historical Figure of Jesus, pgs. 236 e 238.

Assim, na perspectiva das reflexões que levantamos, poderíamos enxergar o emprego de imagens de status semi-divinizado que às vezes era dado à Torá e à Moisés, à Jesus. Quanto a Moisés, pode ter-se em mente à tradição da vinda do profeta semelhante a ele, de Deuteronômio 18:15-16. E talvez no plano em que Moisés, Abraão, Melkisedeque, figuram em certas tradições com o papel mediador até investido de autoridade paralela a Deus, como vice-regentes no juízo divino, os cristãos tenham trabalhado de forma a apresentar, argumentar e defender a idéia de que era em Jesus que se dera o cumprimento do que seria a verdade que estaria presente em tais crenças; uma ponte e artifício apologético/didático/missionário. Algo que extrapola as próprias altas reivindicações das figuras investidas do nome divino, algo que em figura messiânica alguma que se tem notícia no judaísmo do segundo templo veríamos tal reivindicação, com um ponto alto que expressaria a perspetiva da encarnação do próprio Deus, na passagem de Paulo em Colossenses 2.9, com o jogo de idéias entre a ênfase em 'habita corporalmente' – ou seja, não apenas moralmente, espiritualmente, etc. – novamente o termo pleroma, e theotês – a Divindade. Ou seja, poderiam ser aportes que apontariam para uma evolução lingüística-expressiva na cristologia, em cima de crenças prestabelecidas ou tidas já como presentes, mesmo num ideário com outros termos, nos cristãos, servindo também como portas de acesso à evangelização e para disseminar ou defender conhecimentos e/ou noções que concebiam como derivados de suas experiências.

Esses são aspectos provocados que necessitariam de um verdadeiro programa de pesquisa. Buscamos aqui levantar pontos que reforçariam a pensar que seja o caso de tais suspeitas serem procedentes, com possibilidades de pesquisas a partir de elementos interligados coerentemente. Conforme o andamento, poderia trazer apontamentos com pouco impacto, ou que virariam literalmente de cabeça para baixo diversas noções sobre a evolução das crenças do cristianismo nascente, se procedente a sugestão sobre pontes para expressão de idéias já presentes ainda que menos elaboradas.

3 comentários:

Nehemias disse...

Oi Rodrigo,

Bom, passou muitio tempo desde que vc escreveu esse post. Mas, bom, vou comentar assim mesmo.

São observações soltas, pontos que me chamaram a atenção.

1) Quanto ao phleroma, e considerando uma autoria paulina para carta, não seria muito cedo para uma influência gnostica cristã? Sei lá, eu vj o gnosticismo como um movimento que aparece no cristianismo mais tarde, lá pelo final do século... Mas eu não sei.

2) A idéia de Paulo utilizando imagens e conceitos da filosofia grega e do judaísmo, redefinindo-os em vista de sua experiência com o Cristo ressurecto é muito boa. De fato, faz sentido. Vc teria ai a confluência das profecias do Velho Testamento, o judaísmo do 2° Templo e uma ou outra visão grega combinada no bolo, sendo levado "cativo" a Cristo.

3) Paulo era, segundo ele próprio e Lucas, um judeu nascido em uma cidade grega, com status de cidadão romano, educado aos pés do rabino Gamaliel e fervoroso seguidor do farisaismo, que se converte ao cristianismo após uma experiência traumática e trasformadora. Com certeza é Curriculum Vitae impressionante. O cara era um cidadão do mundo, quase um Rio Amazonas, recebendo a afluência dos "rios" de várias experiências distintas. A vida de fundar e acompanhar igrejas na Grêcia, Macedônia, Asia Menor e Galácia; interagir com os cristãos de Jerusalém, nem sempre compreensivos, deveriam lhe valer muitas emoções e uma série de tensões. Paulo devia ser uma personalidade que, mantendo suas convicções, tinha um "jogo de cintura" impressionante. Eu acho que o ponto do "ponto de contato" é muito válido.

4)Sobre Jesus ser reconhecido como Deus, eu estava lendo a pouco tempo atrás o livro do Geza Vermes, sobre "Quem é Quem na época de Jesus" onde ele fala de Hanina Ben-Dosa (livro que estou usando na série de posts que estou escrevendo). Hanina é chamdo no Talmud de "Filho de Deus", uma voz do céu diz que "O mundo foi feito por causa de meu Filho Hanina", sem falar de especulações de mque Hanina e Onias tinham alguma participação na ordem cósmica. Hanina viveu depois de Jesus; se os rabinos podiam chamar Hanina dessas coisas todas, que parecem muito com alguns títulos de Jesus nos evangelhos, porque Paulo (ou Marcos) não poderiam? E estariam completamente no "mainstream". Ou seja, o judaismo no tempo de Jesus já era capaz de compreender um ser divinizado e pré-existente. Somando a idéia do Logos, que Filo de Alexandria também usou, a "divinização" de Jesus era plenamente possível (é claro que, quando o cristianismo se torna majoritariamente grego-romano, essas definições passam a utilizar conceitos filosóficos dessas culturas).
(É claro também que, como Cristão, eu acho que a "divinização" de Jesus é apenas o reconhecimento da sua condição real. Mas, de qualquer forma, eu acho que ajuda que não é cristão entender como o processo aconteceu).

abs,

Nehemias

Informadordeopiniao disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Informadordeopiniao disse...

Grande Nehemias!
Bem, o gnosticismo enquanto um pensamento místico sistematizado, movimento organizado, e nisso com uma maior interação com o cristianismo, verdadeiramente só o vemos um século depois mais ou menos. Mas o que eu vejo é que já havia antes correntes de círculos exotéricos com idéias do gnosticismo interagindo com o judaísmo e até se infiltrando aos poucos nas comunidades cristãs, algo ainda embrionário (pode ver a coincidência de tal lida ser mais forte nos documentos relacionados às comunidades de Éfeso e Colossas; pode ter eco também na Ásia Menor em Tiatira, onde se menciona no Ao "profundezas de Samma'el - 2.24, e outros). Acho que muito do problema ligado ao relacionamento com os anjos na expressão devocional, tem a ver aí. Podemos imaginar também que os gnósticos de mais tarde retrabalharam conceitos cristãos para dar expressão à sistematização de suas crenças.

Qto a Paulo, eu penso que alguém mesmo como ele, ao estudar e dominar as outras línguas, tinha não somente nisso uma porta de acesso àquilo da cultura que lhe parecesse mais assimilável, bem como instrumentos de aprendizado na comunicação que propiciaram essa assimilação. Se a gente for pensar também mais amplo do que o Paulo, eu lembro das obras do Martin Hengel, que apontam uma interação mais complexa do judaísmo e helenismo e como não foi só na diáspora, mas bem na Judéia havia uma presença marcante de elementos culturais helenistas que suscitava diferentes interações com o judaísmo.

Nehemias, eu tenho muito receio da abordagem de Vermes das figuras de Onias e Hanina. Acho que ele encurta propositalmente o foco, deixando de lado algumas ressalvas. O tratamento que Vermes dá as duas figuras centra-se no retrato delas, personagens de I a.C. e I d.C., no Talmud Babilônico, do V século. Há muito ali muito além das fontes mais próximas que os abordam, Josefo e Mishná, inclusive forçando-os para trazerem-nas para o farisaísmo e pintando-as como mestres deste; além de quê, depois de todos estes séculos, tem muita coisa impressa ali que seria resposta do judaísmo daquele tempo a outras questões, inclusive a discursos cristãos, o que pode ter incidido sobre a imagem dos dois. Acho que Vermes tende a forçar a comparação, no meu ver.

Nesta questão da imagem de Jesus como figura divina, os paralelos com outras figuras no ideário ali são muitas. De qualquer forma, em Qumran temos aqueles manuscritos que apontam que havia no ideário a perspectiva da figura salvadora divina chamada de "Filho de Deus", Filho do Altíssimo", em segmentos do judaísmo do 2ºTemplo. Eu tenho esse insight de que os cristãos se valeram de portas de acesso e pontos de contato, claro sem ser algo expresso sistematicamente antes, mas mais espontâneo. O que Larry Hurtado apresenta bem é que se quisermos ver as dissimilaridades envolvendo a devoção a Jesus, e estas se dão precoce e explosivamente, está na parte prática da devoção: os hinos, orações, o batismo em nome dele e outras invocações do nome dele, oráculos no nome dele no estilo de profecias veterotestamentárias, credos, etc.; que remetem a expressões só empregadas a YHWH. Eu neste texto ainda ressalto algo, que é a relação dele com a Lei. Outras figuras às vezes eram colocadas paritáriamente à expressões místicas divinizadas da Lei; Jesus é apresentado como não em conjunto com a própria, mas mesmo sobre ela, aliás, ela sem ele não tinha a mesma suficiência no pensamento visionário escatológico e soteriológico dos segmentos do movimento cristão enquanto nos do judaísmo. E eu acho que isto foi a chave para a dissimilaridade que houvera, dependente, é claro, da crença dos cristãos na ressurreição para legitimar e ratificar isso.

Abraços,

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