Pregação de Paulo em Atenas, de Anton Dietrich, 1877, afresco no Christian-Weise-Gymnasium, Zittau, Saxonia, Alemanha via wikipedia commons. |
Os Atos dos Apóstolos registra a narrativa de como o Apóstolo Paulo, estando em Atenas, e aguardando a chegada de Silas e Timóteo, se indignou com os vários idólos espalhados pela cidade. Aqui no Adcummulus, nosso amigo Flávio, já fez um análise interessantíssima sobre a passagem, que o leitor não deve perder.
O Areopago, situado na Colina de Marte, era o lugar em que se reuniam, desde tempos muito antigos, os Arcontes de Atenas, o conselho de magistrados da cidade. Desde as reformas de Solón, no início do sec VI AC, o Areopago foi gradualmente esvaziado de seus poderes políticos, ainda que, mesmo no período romano, retivesse significativa autoridade para os assuntos internos, além de exercer funções cerimoniais, detendo assim considerável prestigio [1].
Significativamente, naquele mesmo local, cinco séculos antes, o Areópago havia julgado Socrátes. Como observa o Professor C. Kavin Rowe, da Universidade Duke (EUA), Socrates havia sido julgado e condenado a morte "por rejeitar os deuses reconhecidos pelo Estado, e trazer outras, novas, deidades", nas palavras de Xenofonte e Platão [1]. Conforme Atos 17:19, Paulo foi "trazido", "levado" ao Areópago, (com o verbo grego conotando um elemento de coerção), para explicar suas novas idéias (já que Jesus e Ressureição foram entendidos pelos atenienses como novos deuses), com a narrativa lucana aludindo ao bem conhecido julgamento de Socrates [1]. Em suma, Paulo foi "levado para averiguação", ou "intimado para prestar esclarecimentos", e deveria se explicar convincentemente.
Significativamente, naquele mesmo local, cinco séculos antes, o Areópago havia julgado Socrátes. Como observa o Professor C. Kavin Rowe, da Universidade Duke (EUA), Socrates havia sido julgado e condenado a morte "por rejeitar os deuses reconhecidos pelo Estado, e trazer outras, novas, deidades", nas palavras de Xenofonte e Platão [1]. Conforme Atos 17:19, Paulo foi "trazido", "levado" ao Areópago, (com o verbo grego conotando um elemento de coerção), para explicar suas novas idéias (já que Jesus e Ressureição foram entendidos pelos atenienses como novos deuses), com a narrativa lucana aludindo ao bem conhecido julgamento de Socrates [1]. Em suma, Paulo foi "levado para averiguação", ou "intimado para prestar esclarecimentos", e deveria se explicar convincentemente.
Paulo, porém, foi extremamente hábil e político, dadas as circunstâncias. A menção ao Deus Desconhecido, naquele cenário, não deve ter passado desapercebida daqueles leram e ouviram a narrativa. Séculos antes de Paulo, por volta do ano 595 AC, o filósofo cretense Epimenides teria estado em Atenas, na mesma Colina de Marte em que se reunia o Areopago. Diógenes Laércio (início do século III DC), escreve:
Assim, quando os atenienses foram atacados pela peste, e as Pitonisas ordenaram-lhes purificar a cidade, enviaram um navio comandado por Nicias, filho de Nicerato, para Creta para pedir a ajuda de Epimenides. E ele veio na 46ª Olimpíada [593-595 AC] e purificou a cidade, e fez cessar a peste da seguinte maneira. Ele tomou ovelhas, algumas pretas e outras brancas, e os trouxe ao Areópago, e as soltou ali, deixando ir para onde quisessem, instruindo que os animais fossem seguidos, para que fosse para marcado o local onde cada ovelha havia descansado, e oferecido um sacrifício à divindade local. E assim, diz-se, a praga cessou. Daí, até hoje altares podem ser encontrados em diferentes partes do Atica sem nome inscrito sobre elas, que são memoriais desse livramento [2]
Muitas das construções, jardins e lugares públicos de Atenas estavam associadas a uma ou outra divindade. Assim, dedicar um sacríficio a divindade local, implicava em dedica-lo aquele deus ou deusa. No entanto, como essa lenda diz que em vários locais da Àtica, foram dedicados altares sem nome, isso implica que se desconhecia a divindade associada aos locais em que pelo menos algumas das ovelhas descansaram. Foi a forma que se encontrou para se justificar a existência de altares dedicados ao "Deus Desconhecido" (Agnostos Theos).
Pieter Willen van der Horst, Professor (aposentado) da Universidade Utrecht (Holanda), é autor
de um dos mais relevantes estudos sobre "O Deus Desconhecido", chamado
"The Altar of the Unknown God in Athens (Acts 17:23) and Cults of Unknown Gods in Graeco Roman World" [3], onde procura responder três questões:
1) Existia um altar ao deus desconhecido em Atenas e/ou outros lugares?
2) Se existia, qual o significado desta e outras inscrições similares?
3)Qual é a função do altar/inscrição na narrativa lucana
Prof. Van der Horst cita duas passagens do livro "Descrições da Grécia" (160-176 DC), escrito pelo geográfo Pausânias, que se referem a altares ao(s) deus(es) desconhecido(s), em Atenas e Olimpia:
Os atenienses também têm outro porto, em Muniquia, em que se localiza um templo de Artemis de Muniquia, e ainda outro na Faliro, como já afirmei, e perto dele um santuário de Deméter. Aqui também existe um templo de Atena Sciras, e um dedicado a Zeus a alguma distância, e os altares dos deuses chamados desconhecidos, e de heróis
Do relato do grande altar que eu mencionei um pouco antes, chamado de altar de Zeus Olímpico. Mas é um altar dos deuses desconhecidos, e depois desta um altar de Zeus Purificador, um dedicado a Vitória e outro de Zeus - desta vez cognomidado . Há também os altares de todos os deuses, e de Hera sobrenome olímpico, isso também está sendo feito de cinzas.[4]
Van der Host nota a diferença entre a existência de um altar ao "deus desconhecido" (como em Atos), ou de "deuses desconhecidos". A existência de um altar aos "deuses desconhecidos" em Atenas é indicada também por Lúcio Flávio Filostrato (170-247 DC), que no início do século III, em sua biografia de Apolonio de Tiana, coloca na boca daquele mestre o seguinte ensino:
E a mera aversão a qualquer um dos deuses, como Hipólito entretêm em relação a Afrodite, eu não considero como uma forma de sobriedade, pois é muito maior prova de sabedoria e sobriedade louvar a todos os deuses, como é feito especialmente em Atenas, onde altares foram erigidos em honra ate mesmo dos deuses desconhecidos. [5].
Além de Pausânias e Filostrato, Professor Van der Host inclui entre as referências literárias o apologista cristão Tertuliano de Cartago, contêmporaneo desses autores pagãos. Em sua violenta crítica ao herege Marcião de Sinope:
Convença-me que possa ter havido um deus desconhecido. Sem dúvida, sei que existem altares que foram oferecidos a deuses desconhecidos, que, no entanto, é a idolatria de Atenas. E a deuses incertos, que, também, é apenas superstição romana. [6].
Tertuliano, afirma aqui que não só os atenienses e gregos em geral, tinham o hábito de construirem altares aos "deuses desconhecidos", os romanos também faziam isso. Isso é relevante em nossa discussão, pois o Professor Van der Host observa que a evidência arqueológica, em lingua grega, para os altares ao(s) "deus(es) desconhecido(s)" é limitada, sendo o mais relevante candidato uma inscrição de Pergamo, na Asia Menor, mas que é fragmentária e cuja menção aos "deuses desconhecidos" é disputada entre os estudiosos [7]. No entanto, podemos acrescentar, a evidência em lingua latina, é superior.
Altar ao deus (ou deusa) desconhecido, início do século I AC, Colina Palatina, Roma, via Wikipedia |
- SEI·DEO·SEI·DEIVAE·SAC
- G·SEXTIVS·C·F·CALVINVSPR
- DE·SENATI·SENTENTIA
- RESTITVIT
Ao santo deus, ou deusa
Caio Sexto Calvino, filho de Caio, Pretor
Por ordem do Senado
Restituiu [8]
O Caio Sexto Calvino mencionado no altar (reconstruido por volta do ano 92 AC), seria filho do Pretor Caio Sexto Calvino, que foi Consul da República Romana em 124 AC.
O altar romano é relevante também porque é seguramente datado do século anterior a Paulo, e toda a evidência literaria apresentada acima é encontrada em autores que viveram de 100 a 150 anos após o Apóstolo Paulo, alguns dos quais podem ter tido contato com os evangelhos e novo testamento (como Lúcio Flávio Filostrato). Se Tertuliano estiver correto, os altares gregos eram semelhantes aos romanos, ou seja, dedicados de forma genérica a "deuses desconhecidos".
Por último, alguns autores cristãos do final do século IV em diante, observam que a inscrição no altar em Atenas, continha alguns elementos adicionais aos mencionados por Paulo. Professor Van der Host, cita, por exemplo, o testemunho de Jerônimo.
Não é estranho que ele [Paulo] tenha utilizado versos dos poetas pagãos quando fosse oportuno, haja visto que em seu discurso aos Atenienses ele chegou a mudar alguns elementos da inscrição do altar. Pois ele diz [citação de Atos 17:23]. No entanto, a inscrição não era, como Paulo afirma "Ao deus desconhecido" mas sim "aos deuses da Asia, Europa e Africa, aos deuses estrangeiros e desconhecidos". Uma vez que Paulo não necessitava de vários deuses, mas apenas um Deus desconhecido, ele usou o singular" [9].
Van der Horst observa que um quase contemporâneo de Jerônimo, Eutálio, o diácono (também conhecido como Eutálio de Alexandria), cita a inscrição de forma identica a Jerônimo, diferindo apenas na segunda parte, que seria "ao deus estrangeiro e desconhecido"[10]. A versão de Jerônimo é atípica pois não só os autores cristãos, mas também vários autores pagãos, que viveram antes dele, nos séculos II e III, referem-se ao um altar em Atenas ao(s) deuse(s) desconhecido(s) , sem mais a acrescentar. No entanto, é improvável que Jerônimo tivesse expandido uma inscrição apenas para contradizer o Apóstolo Paulo! Van der Host oferece então uma solução de compromisso: o altar possivelmente tinha inscrições dos dois lados, uma mais antiga "aos deus(es) desconhecido(s) e estrangeiro(s)", conhecida dos autores do século I e II, e outra, posterior, possivelmente fruto de uma re-dedicação do altar "aos deuses da Ásia, Europa, e Africa" , de forma a tornar o altar ainda mais claro, atendendo a todos os deuses possíveis e imagináveis [10]. Seja como for, reforça a percepção de que o altar era dedicado aos deuses desconhecidos, e não a um deus desconhecido.
Professor Van der Host, observa que essa dedicação genérica, a deuses desconhecidos, era motivada pelo temor de que alguma divindade negligenciada, ficasse magoada pelo desprezo, e buscasse vingança, e cita o Bispo João Crisóstomo, no século IV:
Ou seja, os atenienses, como em muitas ocasiões haviam recebido também deuses estrangeiros como, por exemplo, o templo de Minerva, Pan, e outros de diferentes países, temendo que pudesse existir algum outro deus que ainda não lhes fosse conhecido, mas adorado em outro lugar, por mais segurança, em verdade, ergueram um altar para aquele Deus também, e como deus não era conhecido, puseram uma inscrição, "a um Deus Desconhecido". [ 11 ].
Desta forma, fica claro que os altares refletem o reconhecimento por parte de gregos e romanos das suas limitações quanto ao conhecimento das coisas divinas. Temendo ofender os poderes celestiais, buscavam garantir que todos fossem honrados, garantindo, em outro altar específico, a menção pelo nome porém daqueles a qual, imediatamente, se buscava o favor. Ou seja, independente se tais altares eram dedicados ao "deus desconhecido", ou aos "deuses desconhecidos", seu caráter genêrico e "politico" é claro. Consideradas as devidas proporções, é semelhante, no contexto cristão, ao dia, ou ao alteres ou igrejas dedicados hoje "a todos os santos". Pregadores da nova fé como Paulo, viram porém naquele altar, a oportunidade de falar sobre o Deus que os sábios gregos e romanos não haviam esquecido sem sequer ter conhecido. Além disso, ao associar o Deus Desconhecido ao Deus de Israel, apontando para um altar erigido desde tempo muito antigos, construído pelos próprios atenienses séculos antes, dizendo "o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio", Paulo refuta de forma brilhante a grave acusação de trazer novos deuses ou deuses estranhos, pois "(...) ligando a identidade do deus desconhecido com a criação é a forma mais radical possível de desacreditar a acusação de pregar novas divindades (...)" nas palavras do Professor Rowe [12].
Referências Bibliográficas
[1] C. Kavin Rowe (2009), World Upside Down : Reading Acts in the Graeco-Roman Age, Oxford University Press, fls. 30-32
[2] Diógenes Laercio, Vida dos Filósofos Eminentes, Livro I, 110, Epimenides
[3] Pieter Willem van der Horst (1998). Hellenism, Judaism, Christianity: essays on their interaction. The Altar of the 'Unknown God' in Athens (Acts 17:23) and the Cults of 'Unknown Gods' in the Graeco-Roman World. Peeters Publishers. pp. 187–220.
[4] Pausânias, Descrição da Grécia, Livro I.1.4 e Livro V.14.8, acessado em 29.09.2013 (em inglês, tradução própria para o português). citado por Van Der Horst [2] fl. 191
[5] Filostrato, Vida de Apolonio de Tiana, Livro VI.3, (em inglês, tradução própria para o português). citado por Van Der Horst [2], fl. 193
[6] Tertuliano de Cartago, Contra Marcião, Livro I. 9 (em inglês, tradução própria para o português). citado por [2] fl. 200-201
[7] Pieter Willem van der Horst (1998). Hellenism, Judaism, Christianity: essays on their interaction. The Altar of the 'Unknown God' in Athens (Acts 17:23) and the Cults of 'Unknown Gods' in the Graeco-Roman World. Peeters Publishers. fl. 194-195
[8] Corpus Inscriptorum Latinarum (CIL)VI. 110 = VI. 30.694 = I, 801., Roma, Colina Palatina, 92 AC, http://db.edcs.eu/epigr/bilder.php?bild=$CIL_06_00110.jpg;$CIL_01_00801.jpg
[9] Jerônimo, Comentário a Epistola de Tito, I,12
[10] Pieter Willem van der Horst (1998). Hellenism, Judaism, Christianity: essays on their interaction. The Altar of the 'Unknown God' in Athens (Acts 17:23) and the Cults of 'Unknown Gods' in the Graeco-Roman World. Peeters Publishers. fl. 203
[11] João Crisóstomo, Homilía 38 de Atos dos Apóstolos,
[12] C. Kavin Rowe (2009), World Upside Down : Reading Acts in the Graeco-Roman Age, Oxford University Press, fl. 34
[1] C. Kavin Rowe (2009), World Upside Down : Reading Acts in the Graeco-Roman Age, Oxford University Press, fls. 30-32
[2] Diógenes Laercio, Vida dos Filósofos Eminentes, Livro I, 110, Epimenides
[3] Pieter Willem van der Horst (1998). Hellenism, Judaism, Christianity: essays on their interaction. The Altar of the 'Unknown God' in Athens (Acts 17:23) and the Cults of 'Unknown Gods' in the Graeco-Roman World. Peeters Publishers. pp. 187–220.
[4] Pausânias, Descrição da Grécia, Livro I.1.4 e Livro V.14.8, acessado em 29.09.2013 (em inglês, tradução própria para o português). citado por Van Der Horst [2] fl. 191
[5] Filostrato, Vida de Apolonio de Tiana, Livro VI.3, (em inglês, tradução própria para o português). citado por Van Der Horst [2], fl. 193
[6] Tertuliano de Cartago, Contra Marcião, Livro I. 9 (em inglês, tradução própria para o português). citado por [2] fl. 200-201
[7] Pieter Willem van der Horst (1998). Hellenism, Judaism, Christianity: essays on their interaction. The Altar of the 'Unknown God' in Athens (Acts 17:23) and the Cults of 'Unknown Gods' in the Graeco-Roman World. Peeters Publishers. fl. 194-195
[8] Corpus Inscriptorum Latinarum (CIL)VI. 110 = VI. 30.694 = I, 801., Roma, Colina Palatina, 92 AC, http://db.edcs.eu/epigr/bilder.php?bild=$CIL_06_00110.jpg;$CIL_01_00801.jpg
[9] Jerônimo, Comentário a Epistola de Tito, I,12
[10] Pieter Willem van der Horst (1998). Hellenism, Judaism, Christianity: essays on their interaction. The Altar of the 'Unknown God' in Athens (Acts 17:23) and the Cults of 'Unknown Gods' in the Graeco-Roman World. Peeters Publishers. fl. 203
[11] João Crisóstomo, Homilía 38 de Atos dos Apóstolos,
4 comentários:
Cheguei ao seu blog e fiquei entusiasmado, pois foi feito com muita graça, e com muito entusiasmo.
Gostei do que vi e li, e achei um blog fantástico, onde se aprende muito.
Sou António Batalha, do blog Peregrino E Servo, se me der a honra de o visitar ficarei grato.
PS. Se desejar faça parte dos meus amigos virtuais,decerto que irei retribuir, seguindo e divulgando seu blog.
Desejo-lhe muita saúde muita paz e grande felicidade, e também um Feliz-Natal.
Antonio,
Muito obrigado, já fui a seu blog, e achei muito interessante. Fico muito feliz que tenha gostado de nosso trabalho.
Feliz Natal, Próspero ano novo.
Nehemias
Um pedaço deste discurso está nos primeiros km do Catecismo da Igreja católica. É a gasolina azul daqueles que empreendem a longa viagem de 2865 km na rodovia deste catecismo. É um discurso mais erudito e orgânico que o habitual de Paulo. É o mais fracassado discurso fulminante da história religiosa dos humanos. Tinha que sê-lo para que fechasse a ignorância dos tempos passados. Somos criancinhas de fraldas peregrinos na terra. E quando nos arrogamos doutores, temos horror à verdade, ou talvez crianças mimadas. Um dia minha filha me disse que iria com seu marido em Atenas. Lembrei a ela que lá fica uma pequena colina referência geográfica deste discurso e não disse e não pedi nada. Com muita gratidão a São Paulo que monitorou tudo e fez com que minha filha me trouxesse uma foto tirada pelo seu marido, ela bem ao lado de uma placa em bronze no alto da colina contendo o discurso em alto relevo do maior bandeirante do evangelho...:)
Gente. Tem uns camarada aí no relato que sao ateus declarado. duvidam de Deus, duvidam de Paulo. Não acreditam nem na mãe deles!!!
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