quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Jesus Cansado & Changing the Subject - 2

Depois da elaboração do post sobre o poema do Jarbas Medeiros (logo abaixo), chegou a hora de uma pequena reflexão analítica sobre o mesmo. O texto com um hoje muito trivial "encontrei Jesus". Tal expressão é para lá de corriqueira no universo gospel. O que de fato, não é tão corriqueiro hoje em dia, é uma maior reflexão sobre este "encontrar Jesus". O texto do poema, no entanto, nos choca inicialmente com a informação de que Jesus foi encontrado logo ali na esquina. Não foi em um Templo, não foi em uma Igreja, não foi e um culto pentecostal. Foi ali... em uma esquina... nas viradas [de rumo] nossas de cada dia.

Mais além e mais um choque - Jesus está velho e cansado! Mas ora, como assim... "velho e cansado? Por acaso Jesus ficou velho ou por acaso ele se cansa?" Então nisso aparece o estranhamento e a surpresa. Como poderia suceder tal coisa, questionamos nós? O texto, no entanto, prossegue ampliando o nosso estranhamento - o cansaço de Jesus chegou a um ponto no qual ele já não aguenta mais... Tantas coisas, tantos convites e afazeres... não há tempo... não há mais tempo.

Então - mais uma etapa no texto - e o sujeito agora muda - o personagem é Jesus Chaves Monteiro, velho amigo de infância do autor. "Aaaahhh... ufah! Agora sim! Tudo explicado! Este Jesus não é o JESUS! Aaahh bom!", esclamamos com um certo alívio, após a contatação.

Mas será mesmo? Será que de fato ocorreu a alteração do sujeito da estória?

O poema então reverte novamente - aquele Jesus velho e cansado - mudado pelo tempo - na verdade não mudou. Ele está ali junto do autor do poema. E mais - ele se tornou, de certa forma, um nosso companheiro: "subitamente reencontrado... fraterno, generoso, bom, solidário e incondicional Jesus."


A mudança do sujeito do texto não se fez apenas uma vez. Ele se fez por duas vezes. E mais... ele se fez em múltiplas vezes! Em cada leitura que cada um de nós realizou... Lá estava Jesus ao nosso lado! E nós estávamos com ele - conversando e perguntando - em um estranhamento fraterno e incondicional!

E na balada deste encontro, eu vou também de Christina Pluhar, une âme italienne.

2 comentários:

Adriana Neumann disse...

Muito belo esse seu texto.

Me comove muito a idéia desse Jesus cansado, até porque esse é um estado que também nos faz mais próximos dele. Afinal, nos dias de hoje, acho que entre nós há uma pandemia de cansaço...

Quanto à música, apenas uma palavra: maravilhosa!

Flávio Souza disse...

Eu concordo plenamente, Adriana!

Nós nos reconhecemos nele. E nessa solidariedade ele se torna um nosso amigo - há um quê de humanidade e calor humano nesta coisa tão simples do encontro fraternal que nos faz ter neste contato algo de íntimo, próximo e verdadeiro Jesus nesta estória!

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    Este blog tem como objetivo central a postagem de reflexões críticas e pesquisas sobre religiões em geral, enfocando, no entanto, o cristianismo e o judaísmo. A preocupação central das postagens é a de elaborar uma reflexão maior sobre temas bíblicos a partir do uso dos recursos proporcionados pela sociologia das idéias, da história e da arqueologia.
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