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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quem Eles Dizem Que Eu Sou? Os Historiadores, Jesus e os Evangelhos - Parte 5.1 - Jesus nos Livros de História, segundo Graeme Clarke




A Chamada de São Mateus, Amerighi Caravaggio, 1599-1600,
 Igreja São Luigi de Francesi, Roma, via wikipedia commons  
 
Ao longo dos posts dessa série, apresentamos várias abordagens utilizadas pelos estudiosos na pesquisa do Jesus Histórico, primeiramente observando que, tradicionalmente, o campo esta dividido entre aqueles estudiosos que enfatizam a análise do texto em relação ao contexto histórico e social em que foram produzidos -  principalmente quando refletem detalhes da realidade histórica e geografica especifica da Palestina, no período em que Jesus teria exercido seu ministério (décadas de 20 e 30 DC), não se enquadrando no contexto anos anteriores ou  posteriores,   e informações de dificil obtenção por alguém que vivia distante daquela região e daquele contexto, como os evangelistas - e a partir da analise dos elementos relevantes das fontes, buscam estabelecer - a partir de uma abordagem de plausibilidade - e identificar um conjunto coerente de elementos que permitam estruturar retratos e narrativas verossimilares de Jesus, tendo em vista o contexto em que viveu, e o impacto que causou.

Uma outra corrente de estudiosos tende a enfatizar os critérios de historicidade, como relatamos no terceiro post dessa série, como os de múltipla atestação e constrangimento, que são expressões de principios de análise histórica, com algumas adaptações para a realidade específica do cristianismo primitivo.  Postulam, respectivamente, que os elementos atestados em várias correntes de tradição (Marcos, Q, L, M, e Paulo), e/ou em várias formas literárias (parábolas, histórias de debates, histórias de milagres, aforismos) indicam que são mais antigos que as unidades da tradição em que foram encontrados;  e que elementos no texto, que vão contra a sua tendência global sugerem que alguma informação autêntica sobreviveu ao processo editorial,  ou seja, se elementos que não atendem com interesses e motivos dos cristãos primitivos, (ou mesmo constragem) são mantidos na tradição, podemos inferir que a principal razão e que fossem suficientemente conhecidos para serem negados ou omitidos, sendo utilizados, por exemplo, por adversários dos cristãos, e dessa forma, tinham que ser explicados de alguma forma, mesmo que não fosse convincente. Observamos que, em geral, os estudiosos que tendem a abordagem por critérios tendem a ser mais minimalistas do que aqueles que utilizam a análise de plausibilidade/contexto. 

Por fim, abordamos estudiosos que esboçaram novas metodologias para manejo do problema do Jesus Histórico e das origens do cristianismo como a combinação de critérios (constrangimento e múltipla atestação) e plausibilidade contextual proposta por John Dominic Crossan, a inovadora abordagem,   da atestação recorrente, elaborada a partir dos estudos da memória, proposta por Dale Alisson e a reabilitação do critério de traços de aramaico, em conjunto com o de plausibilidade, por Maurice Casey.

Mas como essas várias abordagens se interligam? A quais conclusões, a partir do uso dessas várias metodologias, podemos chegar a respeito do Jesus Histórico? Afinal, o que se pode se dizer da figura de Jesus, a partir do método historico? 

Para situar os leitores do adcummulus, nesse e nos próximos posts vamos buscar identificar em alguns trabalhos sobre as origens do cristianismo, as metodologias apresentadas ao longo da série, ligando assim história e historiografia. Começamos analisando o trabalho de:

Graeme Clarke    
 
Ceia de Emaus, Caravaggio, National Gallery London, 1601
via Wikipedia Commons 

Graeme W Clarke, é Professor da Faculdade de História da Universidade Nacional da Austrália, e anteriormente, Professor de Estudos Clássicos na Universidade de Melbourne, além de fellow da Academia Australiana de Humanidades, e seu trabalho se concentra nas áreas de arqueologia  e estudos da Antiguidade Clássica.

Professor Graeme esboça uma história das origens e expansão do cristianismo até a Destruição do Templo (70 DC) em um capítulo integrante do volume X da prestigiosa Cambridge Ancient History [1], publicado em 1996. Inicialmente, ele descreve seu método de trabalho, no que se refere as fontes, os criterios para sua avaliação, e identifica os elementos  considerados consensuais entre os estudiosos, de forma a escrever uma biografia de Jesus


 "I have chosen a few generally non-controversial features of the ministry of Jesus for these one is necessarily reliant upon the evidence of the synoptic gospels (composed in their present form near or generally after the destruction of the Temple, the chronological terminus of this study). But for the most part I have prefered to follow as far as possible the contemporary witness of Paul and his associates (supplemented, unavoidably, by the addiyional testimony of Acts). (Tradução"Eu escolhi alguns poucos elementos geralmente não controversos do ministério de Jesus, nos quais somos  necessariamente dependentes da evidência dos evangelhos sinóticos (compostas em sua forma atual, na época ou pouco depois da destruição do Templo, o limite cronológico deste estudo). Mas para a maior parte eu preferi seguir, tanto quanto possível, o testemunho contemporâneo de Paulo e seus companheiros (complementado, inevitavelmente, pelo testemunho addiyional de Atos).[1]

Assim, como fonte principal para o ministério de Jesus, o Professor Clarke utiliza os evangelhos sinóticos, enquanto para a Igreja no periodo apostólico, a base são as cartas de Paulo, complementadas pelos Atos dos Apostolos. Ele emprega especial atenção aos elementos considerados consensuais entre os estudiosos.


That way I hope to eschew as much as I can the anachronic perceptions of the early Christian past (embedded in the canon as it become later formed) as Christianity developed its own self-awareness and its own sense of separate identity and sought legitimation for those developments in its preferred accounts of its past (tradução) Dessa forma, espero evitar, tanto quanto eu puder as percepções anacrônicas do passado cristã primitiva (incorporado no cânon, tal qual ele se formou depois) como o cristianismo desenvolveu a sua própria auto-consciência e seu próprio senso de identidade separada e buscou legitimação para aqueles desenvolvimentos em suas contas preferenciais do  seu passado [1].


Desta forma, Professor Clarke inicia sua abordagem a partir do contexto da Galiléia e Judéia dos anos 30 DC, observando a possível existência nos relatos evangélicos de elementos anacrônicos. Um anacronismo, usando a definição da Wikipedia, "é um erro em cronologia, expressada na falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época. Ocorre quando pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos ou outras coisas que pertencem a uma determinada época são erroneamente retratados em outra época" [2]. Em análise histórica, a identificação de anacronismos é fundamental. Assim, por exemplo, no século XV, o filologista Lorenzo Valla (1407-1457) demonstrou que o documento conhecido como Doação de Constatino - em que aquele Imperador teria transferido territórios e propriedades a Igreja e  reconhecido a primazia do Bispo de Roma - era uma fraude. Fez isso apontando numerosos elementos no documento, supostamente elaborado em 315 DC, que não correspondiam ao contexto histórico do início do século IV, tais como: são mencionados títulos não empregados pelos romanos, como Sátrapa; é feita referência a Sé de Constantinopla (que ainda era Bizâncio, e não tinha um Patriarcado na época); Bizâncio é referida como província, quando era apenas uma cidade; Os membros do clero deveriam ser  chamados de consules e patrícios, mas Roma tinha apenas dois consules e os patrícios constituiam uma classe social, não uma posição. Adicionalmente, o latim não corresponde ao período, e sim a épocas posteriores [2]. Desta forma, hoje se acredita que o documento apresenta características que se adequam melhor ao contexto da ascensão dos Carolingios, sob Pepino, o Breve, no  século VIII, entre os clérigos do Palácio de Latrão, em Roma, ou na própria corte dos reis francos [3]. Ou seja, foi possível identificar a fraude, e apontar o momento histórico mais plausível para sua elaboração, demonstrando que nas condições do século IV, o documento seria anacrônico, ao passo que no contexto da aliança dos Reis  Francos e o Papa Estevão II, e reconhecimento dos carolíngios como sucessores do Império Ocidental em detrimento dos Imperadores Bizantinos, há verossimilhança.             
                                                                                             
Considerando que os evangelhos foram provavelmente escritos pela segunda e/ou terceira geração de cristãos (65-135 DC), com objetivo de edificar os crentes e trazer homens e mulheres a nova Fé. Essas pessoas viviam em um contexto altamente urbanizado, plenamente inseridas numa ordem politica estabelecida por Roma (Pax Romana), e sob tendências culturais, sociais, filosóficas e religiosas helenistas prevalecentes no Mediterrâneo desde as conquistas de Alexandre o Grande e intensificadas mais ainda pelo domínio romano, de caráter sincrético e sempre em mutação, num processo de globalização. Tal realidade é muito diferente, quase antagônica, das áreas periféricas  e rurais da Galiléia onde as narrativas evangélicas são situadas - ressentidas tanto do domínio romano quanto dos deuses e costumes pagãos das  "ilhas"  gentias urbanas, como Séforis e Tiberíades. Assim, é esperado que o núcleo de memórias históricas fosse expandido, reduzido, truncado ou remodelado em termos das expectativas,      necessidades e percepções teológicas de autores e leitores situados em um contexto, um Sitz im Leben, completamente distinto. Assim, identificar e separar o material anacrônico - situando Jesus de Nazaré naquele ambiente, entre os vários líderes carismáticos e seus movimentos, como João Batista - e suas atividades implica que o núcleo restante,  de elementos verossimilares em relação ao contexto   histórico e social da Palestina dos anos 30 DC, esta apto a, pelo menos, reivindicar     historicidade.
            
    
"Into such religious context with its ferment of debate and diversity fit the movements of John Baptist (urging a renewal of Israel in the wilderness and a new passage through the "sea" of the Jordan) and of Jesus of Nazareth round about AD 30 (christian sources being at pains somewhat apologetically , to subordinate the former to the latter). Jesus central activities of teaching in the synagogues, attending the Temple servicess, keeping the festivals - and disputing with other teachers (especially represented, at least in latter tradition, as sharpenin his views against those Pharisees) - these place him in the mainstream of contemporary religious occupations. (Tradução) Em tal contexto religioso com o seu fermento de debate e diversidade ajustar os movimentos de João Batista (pedindo uma renovação de Israel no deserto e uma nova passagem pelo "aguas" do Jordão) e de Jesus de Nazaré em cerca de 30 DC (fontes cristãs lutam, de forma um  tanto apologeticamente, subordinar o primeiro ao segunda). As atividades centrais de Jesus, como ensinar nas sinagogas, frequentar os serviços do Templo, observar os   festivais - e disputando com outros professores (destacando principalmente, pelo menos na tradição posterior,  suas disputas contra os fariseus) - o colocam no mainstream das questões religiosas de seus contemporâneos [4].


Ou seja, ainda que as narrativas dos evangelhos sinóticos  dos ministérios de João Batista e Jesus de Nazaré possam apresentar muitos, senão a maioria de feitos e ditos potencialmente suspeitos de anacronismo em favor das necessidades teológicas da Igreja Primitiva, eles são apresentados em termos globais, como profetas e mestres carismáticos típicos com o que sabemos de seu tempo  e do contexto que viviam, mas não tanto com o Sitz im Leben em que os evangelhos foram escritos.  Anteriormente observamos aqui no adcummulus, em um post dessa série, que tal fato é bastante relevante. Porque os evangelhos de Marcos, Lucas e Mateus foram escritos e tinham como publico alvo, indivíduos que viviam em um contexto completamente diferente daquele em que Jesus e João viveram - como os destinatários das cartas paulinas e gerais, por exemplo, endereçadas  a comunidades em grandes  cidades como Corinto, Tessalonica, Filipos, Roma, Antioquia, enquanto Jesus é retratado nos evangelhos quase exclusivamente na Chora, istoé, a região rural e as pequenas vilas do interior da Galiléia. Como dissemos ao discutir o trabalho do Professor Geoffrey Maurice de St de Croix, "existe um abismo entre o mundo que os cristãos primitivos viviam (os grandes centros urbanos helenísticos da Siria, Grécia, Asia Menor e Roma) com o mundo em que os evangelhos retratam (as pequenas vilas e areas rurais, e , no máximo, as periferias e arredores das poucas cidades helenisticas da Galiléia e Pereia) [5]. Nas palavras do Professor Ste Croix  os "(...) evangelhos sinóticos são unânimes e consistentes em localizar a missão de Jesus inteiramente no campo , não dentro do polis propriamente dita e, portanto, fora dos limites reais da civilização helenística. Parece-me inconcebível que isso pode ser devido ao Evangelistas, que (como vimos) estavam dispostos a dignificar uma vila obscura como Nazaré, ou Cafarnaum com o título de polis, mas certamente não rebaixariam a condição dos lugares que mencionam, tornando em distrito uma polis que é mencionada em suas fontes. Concluo, portanto, que a este respeito os Evangelistas refletem exatamente a situação que encontraram em suas fontes, e parece-me que essas fontes muito provávelmente apresentam um retrato fiel do locus geral da atividade de Jesus. [6]

 A dissonância se reflete assim não só em termos de contexto mas também em termos de perfis. Como nos ensina o Professor David Flusser "Uma leitura imparcial dos evangelhos sinóticos resulta num quadro que é mais característico de um fazedor de milagres e pregador judeu do que de redentor da humanidade"[7]. O que é repetido com outras palavras pelo  Professor  Geza Vermes "os traços mais notáveis do retrato de Jesus nos Sinópticos, o de um curandeiro e exorcista carismático, mestre e campeão do Reino de Deus, são essencialmente dependentes da figura histórica que outros escritores do Novo Testamento progressivamente mascararam"[8]. Desta forma, como já discutimos aqui no blog, os estudos destes pesquisadores  apontam que  "(...) o contorno, da figura de Jesus nos sinóticos é de um realizador de milagres e pregador, que esta em dissonância, em discontinuidade, com o Cristo das epístolas e da pregação cristã posterior (...), istoé, os evangelhos sinóticos apresentam um contorno geral de Jesus poderoso em palavras e atos, nas pequenas vilas e aldeias da Galíleia, em dissonância com a pregação do Cristo querigmático (...)[9]. Tal fato é ainda mais significativo porque esse perfil é conservado até mesmo por círculos cristãos no qual a relevância  e a encarnação era questionada, e para os quais Jesus apenas parecia ser humano. No inicio do seculo II DC, o herege Basilides pregava que Jesus "apareceu na Terra em forma humana" (Irineu de Lyon, Contra as Heresias, Livro I, capítulo 24, seção 4) - implicando que a humanidade de Cristo era apenas aparente, talvez como os dissidentes de I João que admitiam que Jesus tinha vindo, mas não em carne -, no entanto, o Cristo de Basilides "realizou milagres" e foi até condenado a crucificação,  mas no último minuto "Simão, um homem de Cirene, sendo chamado, levou a cruz em seu lugar; e foi transfigurado para parecer com ele, para que acreditassem que ele era Jesus, e o crucificassem, por ignorância e erro, enquanto Jesus recebeu a forma de Simão, e estando de longe, ria deles" (Contra as Heresias 1:24:4). Outro arquiherege, Apelles, também mantinha que Jesus havia "aparecido" no tempo de Pôncio Pilatos, e que viveu entre nós foi crucificado, e ressuscitou ao 3° dia, aceitando o grosso  da narrativa evangélica [Hipolito de Roma, Refutação de Todas as Heresias, Livro VII, capítulo 26]. Assim, como também concluimos em posts anteriores, "proto-ortodoxos, ebionitas, marcionitas, gnosticos docéticos e separacionistas conservam o esqueleto básico dessa narrativa, quase como um ancestral comum, mesmo que não o enfatizem"[9]. A questão não era sobre os feitos de Jesus, sua pregação e milagres, de que tinha sido enviado por Deus. O ponto era a natureza da sua manifestação. O grosso da tradição evangélica, assim, não opôs doceticos, separacionistas, ebionitas e proto-ortodoxos. 

Salomé com a Cabeça de João Batista, Caravaggio,
1609-1610, National Gallery London, via Wikipedia Commons

 E interessante, nessa linha, que ao resumir o Ministério de Jesus em sua pregação nas ruas de Jerusalém, Atós dos Apóstolos descreve Pedro pregando "(...) Varões Israelitas: escutai estas palavras: Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos; ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela (Atos 2:22-24)". Tal mensagem, do Jesus poderoso em palavras e atos, é muito enfatizada nos escritos lucanos, tal qual na narrativa dos discipulos em Emaús (Lucas 24:19) e a pregação de Pedro na Casa do Centurião Cornélio (Atos 10:38-40), e encontra ressonância nos demais sinóticos (ex: Mateus 4:23 e 9:35) e apresenta um correspondente menos apaixonado na descrição neutra de Flávio Josefo, na parte geralmente considerada autêntica do Testemunho Flaviano "Jesus, homem sábio e realizador de feitos extraordinários (ou controversos)" cuja popularidade ("atraiu muitos judeus e muitos gregos") levou a sua execução ("Pilatos, por causa de uma acusação feita por nossos homens mais proeminentes, o crucificou"). Da mesma forma, entre os oponentes e adversários posteriores, como Celso e os rabinos dos Talmudes, há uma interpretação diversa de fatos semelhantes, Jesus de Nazaré foi pendurado no madeiro pois praticou feitiçaria (o que explicaria seus feitos miraculosos), e por ter levado Israel a pecar (ou seja, era um mestre carismático capaz de "desencaminhar" multidões), ou seja, um mágico e enganador do povo, que encontrou seu castigo.


"An his central concerns fit comfortably into the continuing debate within the Judaism of the day, often characterized as they are with reformist tendencies: concern for Temple purity and cleasing (Mark 11:15ff, Matt 21:12f, Luke 19:45ff, John 2:14ff), concerns for intentional purity of the person (casting out the demons /curing the sick), concerns for love the neighbour (extend even to loving one's enemies, Matt 5:43 ff), concerns for regulating the sexual code of behaviour (with a restrictive view on divorce, Matt. 5:31f, 19:31ff), concerns for giving primacy to moral (as opossed to ceremonial) law (Mark 3:1 ff (healing on the Sabbath). The carpenter from Nazareth in Lower Galilee, with his chosen inner circle of fishermen (that is to say, draw roughly from the small tradesman class) could certanly bluntly reject Mammon and outsponkenly condemn the snares of riches (e.g Matt 6:24=Luke 16:13), but this not prevent him from fraternizing with wealthy tax-gatherers, wordly sinners, women of ill-repute and Gentile (and other social outcasts). (TraduçãoSuas preocupações centrais se ajustam confortavelmente no debate contínuo dentro do Judaísmo de seu tempo, muitas vezes caracterizado por tendências reformistas: preocupação com a pureza e purificação do Templo (Marcos 11:15 ff , Mateus 21:12 f , Lucas 19:45 ff , João 2:14 ss) , preocupações com a pureza intencional da pessoa ( expulsar demônios / curar doentes ), preocupações para amar o próximo ( englobando até o os inimigos, Mateus 5:43 ss) , preocupação em regular o código sexual de comportamento (com uma visão restritiva sobre o divórcio , Mateus. 05:31 f, 19:31 ss) , a ensinamento de dar primazia à lei moral (em relação a lei cerimonial) (Marcos 3:1 ff ( de cura no sábado ) . o carpinteiro de Nazaré na Baixa Galiléia, com seu círculo escolhido de pescadores (ou seja,  a partir dos pequenos  comerciantes) poderia certamente e sem rodeios rejeitar Mamon e condenar violentamente as armadilhas da riqueza (por exemplo, Mateus 6:24 = Lucas 16:13 ) , mas isso não o impediu de confraternizar com ricos coletores de impostos , pecadores mundanos, mulheres de má reputação e os gentios (e outros párias sociais ).[10]


Podemos observar, então, que essa descrição torna Jesus parecido, e muito mais do que o desejado pelos primeiros cristãos, com vários outros pretendentes messiânicos que surgiram na Palestina do século I. Os Atos dos Apóstolos relata como Gamaliel teria convencido os outros líderes judeus a libertar os apóstolos, apontando as semelhanças de Jesus com tantos outros pretendentes messiânicos que já haviam aparecido, como Teudas e Judas Galileu, que também haviam reunido multidões anteriormente. Assim, fica evidente a diferença entre o Jesus encontrado nos evangelhos sinóticos e Atos dos Apostolos, cuja narrativa básica é encontrada nas crenças dos vários grupos cristãos ortodoxos ou não, com o Cristo exaltado das epístolas e da pregação e teologia cristã posterior. Ou seja, os evangelhos sinóticos não enfatizam as reinvidicações teológicas mais ousadas encontradas na literatura cristã do período em que os evagelhos foram escritos.

Assim, além do comportamento de Jesus ser semelhante a de líderes carismáticos judeus do século I, como João Batista, o contexto em que os evangelhos o colocam se ajustam "confortavelmente no debate contínuo dentro do Judaísmo de seu tempo" e  perfeitamente ao que sabemos da Galiléia e Judéia do início do século I DC, pois como já refletimos aqui, a partir do trabalho de vários estudiosos, o fato dos evangelhos se adequarem ao contexto da palestina do século I, e forte evidência de uma tradição oral vibrante que remonta ao ministério de Jesus, e que foi utilizada pelos evangelistas, como observou o Professor L Michael White [11]. Da mesma forma, nos ensina o  Professor GEM de Ste Croix, o mundo retratado nos evangelhos sinóticos, das pequenas vilas e lugarejos rurais da Galiléia, esta em discontinuidade com os grandes centros helenísticos em que os primeiros cristãos viviam,  ainda que fosse interessante para esse cristãos, dado sua realidade de  ver Jesus discutindo filosofia com os filósofos em Séforis ou Tiberiades, indicando fortemente que nesse aspecto os evangelistas reproduziram o que encontraram em suas fontes  Também vale a pena recordar os apontamentos do Professor Fergus Millar [11], de que os evangelhos refletem um mundo que se foi com a primeira guerra judaica, ou seja, embora escritos para uma outra audiência, em outra lingua, décadas depois, realmente refletem realidades e memórias históricas de um "mundo" galileu e rural dos anos 20 e 30 DC. Nesse aspecto eles são complementares a Josefo como fonte para a vida judaica do século I DC.  Por fim, o Professor Gerd Theissen [11] ilustrou algumas situações em que os evangelhos demostram contér tanto "colorido local" e tantos "indicios de familiaridade" que devem ter surgido na Palestina, no periodo em que Jesus exerceu seu ministério.
For what he fervently preached was the urgent need for repentance before the impending eschaton and the people whom he spoke his message were not just the Torah observants: sinners, the unrighteous, had even greater need of his call. There is an increasingly catholic sense of definition of the children of Abraham , the true Israel who might enter upon the kingdom, and a continuos debate with contemorary judaisms about the sufficient and necessary conditions for entering upon that kingdom (now envisaged as so nigh). But what Jesus demanded of his chosen disciples was a renunciation of family and wordly goods, a single minded dedication and a proselytizing zeal to spread the word (e.g Mark 10:28 ff) which ensured that his movement did not remain confined just to sympathetic families and pious followers within Lower Galilee and Jerusalem even after his ignominious death (AD 30); their conviction of his ressurection became the decisive cionfirmation of his messianship. The movement from these local Palestinian origins began to spread. (TraduçãoPois o que ele pregava fervorosamente era a necessidade urgente de arrependimento diante do eschaton iminente e as pessoas com quem ele compartilhou sua mensagem não eram apenas os observavam a Torá : pecadores, injustos, tinha necessidade ainda maior de seu chamado. Há um sentido cada vez mais universal na definição dos filhos de Abraão , o verdadeiro Israel, que poderiam entrar em reino, e um debate contínuo com judaísmos contemporâneas sobre as condições suficientes e necessárias para a entrada nesse reino ( agora percebido como já presente). Mas o que Jesus exigiu de seus discípulos escolhidos foi uma renúncia à família e bens mundanos, um único espírito e dedicação, e  zelo proselitista para espalhar a palavra (por exemplo, Marcos 10:28 ss) que garantiu que o seu movimento não ficou restrito apenas às famílias simpáticas e seguidores devotos dentro Baixa Galiléia e de Jerusalém , mesmo depois de sua morte ignominiosa (30 DC) , a sua convicção de sua ressurreição tornou-se o confirmação decisivo de sua messianidade. O movimento a partir destas origens palestinas locais começarou a se espalhar [12]

A chegada iminente do Reino de Deus, e como as pessoas deveriam se preparar para o Eschaton, segundo o Professor Clarke, era a linha mestra da pregação de Jesus. E se o Reino estava próximo, e a ordem atual com dias contados, fazia sentido ao discípulo deixar tudo para se preparar para o fim, inclusive família e propriedades. Antropólogos e sociologos, há muito tempo observam que esse padrão de comportamento é típico tanto de profetas apocalipticos como de seguidores de profetas apocalípticos ao longo da história [13]. Professor David Aune, da Universidade de Notre Dame, cita a definição utilizada no clássico estudo de Joseph Zigmont, da Universidade de Connecticut, "When Prophecy Fail",   "Ainda que muito diferentes em suas ideologias e estruturas particulares, grupo milenaristas compartilham de uma característica psicológica comum: uma esperança coletiva de que uma transformação radical da ordem existente ocorrerá no futuro imediato através de uma intervenção sobrenatural". Tais movimentos se formam em torno de profecias escatológicas especifícas, de transformação iminente, muitas vezes com data e hora marcada, quando as profecias não se concretizam, o grupo, ou parte dele, ao invés de se dissolver, racionaliza sua frustação e reestrutura suas crenças [14]    Como observa Aune, o trabalho de Johannes Weiss e Albert Schweitzer, no início do século XX, demonstrou que toda carreira de Jesus foi moldada por expectativas escatológicas de intervenção iminente do Senhor na história, e tais conclusões são amplamente aceitas pelos estudiosos desde então (com excessão de um grupo minoritário, mas relevante, de estudiosos norte americanos ligados ao Jesus Seminar). Aune observa que a reação dos cristãos aos eventos imediatos a morte de Jesus são compatíveis com um processo de dissonância cognitiva - em que seus seguidores, confrontados com os eventos traumáticos da horrorosa e vergonhosa morte por crucificação de seu líder e o não estabelecimento imediato do Reino de Deus, reestruturam suas crenças a partir de uma releitura do Antigo Testamento e das aparições do Cristo Ressureto [15]. Ou seja, que o Jesus Histórico era um profeta carismático e apocaliptico, que pregava a vinda imediata do Reino de Deus, poderoso em palavras e atos, é confirmado não só pelo fato de que tal perfil é extremamente compatível com a Galiléia rural dos anos 30 DC - e nem tanto com as necessidades, experiência e preocupações teológicas da segunda e terceira geração de cristãs vivendo em metrópoles como Roma, Corinto, Efeso e Antioquia - mas também pelo fato de que o movimento cristão nascente seguiu um padrão  de desenvolvimento compatível com os de outros grupos apocalipticos seguidores de profetas carismáticos [16].

Referências Bibliograficas
[1] Graeme W Clarke "Origins and Spread of Christianity" In Alan K      Bowman, Eduard Champlin & Andrew Lintott (1996) The Cambridge Ancient History, Volume X, The Augustan Empire, 43 BC - 69 AD)., fls. 849-851
[2] Roger Pearse (2001) The Donation of Constantine and the critique of Lorenzo Valla, http://www.tertullian.org/rpearse/donation/donation_of_constantine.htm, acessado em 18.02.2014           
[3] Jan Nelis (2008) (review) Bryn Mawr Classical Review 2008.02.21 Johannes Fried, "Donation of Constantine" and "Constitutum Constantini". Berlin-New York:  de Gruyter, 2007.
[4] Graeme W Clarke "Origins and Spread of Christianity" In Alan K Bowman, Eduard Champlin & Andrew Lintott (1996) The Cambridge Ancient History, Volume X, The Augustan Empire, 43 BC - 69 AD), fl. 849
[5] "Quem Eles Dizem Que Eu Sou?"- Os Historiadores e Jesus, Parte I: Texto e Contexto (L Michael White, Fergus Millar, Gerd Theissen, GEM Ste Croix), post de 11.10.2011 http://adcummulus.blogspot.com.br/2011/10/quem-eles-dizem-que-eu-sou-os.html,
[6] Geoffrey Ernest Maurice de Ste Croix (1983), The Class Struggle in the Ancient Greek World: From the Arcaic Period to the Arab Conquest, fl. 427. 
[7] David Flusser (1998), Jesus, Editora Perspectiva, fl. 2
[8] Geza Vermes (1998) As Varias Faces de Jesus, Editora Record, fl. 263
[9]  Quem Eles Dizem Que Eu Sou? Os Historiadores e Jesus, Parte II: Tradição, Narrativa e História (David Flusser, Geza Vermes e John M Roberts), post de 28.12.2011, http://adcummulus.blogspot.com.br/2011/12/quem-eles-dizem-que-eu-sou-os.html
[10]  Graeme W Clarke "Origins and Spread of Christianity" In Alan K      Bowman, Eduard Champlin & Andrew Lintott (1996) The Cambridge Ancient History, Volume X, The Augustan Empire, 43 BC - 69 AD), fl. 851
[11]  Quem Eles Dizem Que Eu Sou?"- Os Historiadores e Jesus, Parte I: Texto e Contexto (L Michael White, Fergus Millar, Gerd Theissen, GEM Ste Croix), post de 11.10.2011 http://adcummulus.blogspot.com.br/2011/10/quem-eles-dizem-que-eu-sou-os.html
[12] Graeme W Clarke "Origins and Spread of Christianity" In Alan K Bowman, Eduard Champlin & Andrew Lintott (1996) The Cambridge Ancient History, Volume X, The Augustan Empire, 43 BC - 69 AD), fl. 851
[13] David Aune (2013) Jesus, Gospel Tradition and Paul in the Context of Jewish and Greco Roman Antiquity, fl. 159
[14] Dale Allison (2012) Constructing Jesus, History, Memory and Imagination, fl.148
[15] David Aune (2013) Jesus, Gospel Tradition and Paul in the Context of Jewish and Greco Roman Antiquity, fls. 159-162
[16] Dale Allison (2012) Constructing Jesus, History, Memory and Imagination, fl.148


terça-feira, 24 de abril de 2012

Quem Eles Dizem Que Eu Sou ? Os Historiadores e Jesus, Parte 4.3 - Novas Metodologias: Maurice Casey e o critério de traços de aramaico)


Estela de Licinia Amias, Roma,  III séc.
Maurice Casey é Professor Emérito de Lingua e Literatura do Novo Testamento da Universidade de Nottinghan (Reino Unido). Casey tem desenvolvido um sólido trabalho como Aramaista, e isso influencia sua abordagem das origens do cristianismo.
Em sua mais recente contribuição, "Jesus of Nazareth: An Independent Historian's Account of His Life and Teaching", em que ele analisa as fontes sobre Jesus, apresenta sua metodologia e resultados, que nós do adcummulus temos prazer em analisar, em continuidade a nossa série "Quem Eles Dizem Que Eu Sou".

 Preliminares: O livro de Casey tem causado um grande impacto nos meios acadêmicos. Ele inicia seu livro "pondo na mesa" sua visão do cristianismo. Ele não pertence a qualquer grupo religioso, ou anti-religioso [1]. Na verdade, Casey é agnóstico, após ter se "desconvertido" na juventude de uma carreira que o conduziria ao ministério na Igreja Anglicana. Dito isso, Casey observa como a figura de Jesus, e mesmo a pesquisa histórica foi influenciada por interesses dos mais diversos, para legitimar agendas específicas ou apresentar uma ou outra leitura como relevante para um tempo ou circunstância específica. Ele comenta sobre as várias tentativas de apagar e anular a identidade judaica de Jesus, culminando na perversa teoria do Jesus Ariano dos nazistas. No entanto, ele aborda também os progressos e avanços da pesquisa, como a contribuição relevante de Geza Vermes, e sua análise de Jesus firmemente integrada ao contexto judaico do I século, seguida em linhas gerais por E. P. Sanders, da formulação da "Third Quest" com NT Wright nos anos de 1980, e James Dunn [2]. Ele comenta também sobre o Jesus Seminar, de cujo o trabalho Casey não é muito simpático. Sobre o trabalho de  John Dominic Crossan, Casey também é bastante crítico. Em uma seção sugestivamente chamada "From Bad to Worse" ("de Mau a Pior"), o "USS" Maurice Casey aponta seus canhões na direção das reações dos estudiosos conservadores ao Jesus Seminar, e a amarga polêmica resultante, e contra fenômenos "pop" bastante diversos como o Código Da Vinci, o Livro do Papa Bento XVI sobre Jesus, e algumas tentativas de negação da historicidade de Jesus em setores mais radicais, tanto na academia, como a do Professor Robert Price, quanto fora dela, como a do biólogo e ativista Frank Zindler [2].

Métodos Tradicionais: Casey discute metodologia no capítulo 3 de seu livro. Sucintamente ele aborda os critérios tradicionais de historicidade, como já fizemos aqui no Adcummulus, suas vantagens e limitações.

A respeito do Critério de Multipla Atestação, Casey avalia que é utíl quando propriamente utilizado, e mesmo assim sua aplicação é limitada. Como exemplo de fato autenticado através deste critério, Casey cita a atuação de Jesus como exorcista e a controvérsia causada por ela [3]. Jesus é acusado de expulsar demônios pelo poder do diabo tanto em Marcos (3:22-30), quanto na fonte de ditos Q (Mt 12:22-32/Lc 11:14-23 e 12:10), o que configura múltipla atestação de fontes. Além disso, exorcismos de Jesus são descritos ou aludidos em narrativas, sumários, parábolas, e controvérsias, ou seja, multiplamente atestados nas formas literárias. Em conjunto, isso implica que Jesus era conhecido como exorcista, e que essa atividade foi fonte de controvérsia em seu ministério [3].

O Critério do Constrangimento também é aceito por Maurice Casey [4], que utiliza o já recorrente exemplo do Batismo de Jesus por João Batista. Seja qual tenha sido a intenção de Jesus, uma vez que João pregava o batismo de arrependimento para a remissão de pecados, a narrativa de batismo poderia ser interpretada (e certamente foi) por adversários e grupos rivais como prova de que Jesus era pecador. E essa interpretação causou evidente incômodo aos evangelistas. Mateus acrescenta então que João Batista teria dito de que ele é que precisava ser batizado por Jesus (Mateus 3:14-15). Já no Evangelho dos Hebreus (ou dos nazarenos), Jesus é convidado por sua mãe e seus irmãos para ser batizado por João, para o perdão dos pecados. Ele responde "Eu pequei, que pecado eu cometi, para que me deixe batizar? A não ser que o que eu tenha dito seja ignorância (istoé, um pecado de ignorância). [4]

Como já haviamos desenvolvido aqui no adcummulus, em nossa série constrangimento e diferença e seus análogos fora da pesquisa do novo testamento, o critério do constrangimento é útil porque, como nos diz o Como também já observamos aqui no adcummulus (citando o Professor Murray G Murphy, da Universidade da Pensilvânia): "Em outras palavras, se uma narrativa relata um fato que vai contra a tendência do autor, haverá maiores razões para acreditar nele, uma vez que o viés do autor nos levaria a esperar sua omissão, a menos que sua ocorrência fosse tão bem conhecida que não pudesse ser excluída". Murphy esta utilizando justamente o exemplo do batismo de Jesus por João, como um exemplo do "papel dos fatos nos relatos históricos", "uma vez que o viés de todos esses escritores [os evangelistas] vai contra a inclusão do batismo, o fato de três deles o mencionarem, dois deles contra a vontade, depõe em favor da autenticidade do acontecimento em Marcos"[5]

No entanto, Casey considera ambos os critérios limitados no sentido que os casos claros e bem definidos de multipla atestação e constrangimento são relativamente raros nos evangelhos [6]. Ele então endossa a percepção de Gerd Theissen [6], que coloca o Critério da Plausibilidade Histórica e Adequação ao Contexto como um dos pilares da pesquisa do Jesus Histórico, como também já vimos aqui no Adcummulus nos dois primeiros posts dessa Série. Casey acrescenta que nossas fontes primárias unanimemente e sem ambiguidade colocam Jesus no contexto do judaísmo do I século, o que implica que o Jesus obtido pela reconstrução histórica deve ser compreensível nesta matriz cultural. Assim quando uma determinada peça de informação sobre Jesus ou aqueles que o circundaram no seu ministério se adequa àquele período histórico específico, e ai somente, isso constitui um forte argumento em favor de sua historicidade. [6]

Casey usa como exemplo de evento autenticado pelo critério da plausibilidade o fato de que Marcos relata que, após realizar um exorcismo na Sinagoga de Cafarnaum (Marcos 1:23-27) e curar a febre da sogra de Pedro (Marcos 1:30-31) em um sábado:Casey observa:

E, tendo chegado a tarde, quando já se estava pondo o sol, trouxeram-lhe
todos os que se achavam enfermos, e os endemoninhados (Marcos 1:32)"
Carrying burdens on the sabbath was against the Law (Jer 17:21-22). and anyone who was tried to carry a sick person should understand that the person is so heavy and difficult to carry that bringing this under the prohibition of carrying burdens is almost inevitable. This is why Mark's note of the time is so careful. The Sabbath ended when darkness fell. 'When evening came' might not be clear enough: "When the sun had set" settles it - his audiences would know that people carried other people only when the sabbath was over, so as not to violate the written law. It follows that this report cannot be the work of the early church, who were not interested in such matters: it must go back to a real report transmitted during the historic ministry, when this observance of the written law mattered, and everyone took this for granted that a careful note of this time was sufficient to bring it to mind. It is also therefore powerful evidence of Jesus' sucessful ministry of exorcism and healing" (tradução) Carregar peso no sábado era contra a Lei (Jr 17:21-22). E qualquer um que já tentou transportar uma pessoa doente sabe qunto é pesado e difícil de carregar, e englobar isso sob a proibição de transportar cargas é quase inevitável. É por isso que Marcos é tão cuidadoso em especificar o momento. O sábado termina quando a noite cai. "Quando chegou a noite" pode não ser claro o suficiente: "Quando o sol se pôs" afasta qualquer dúvida - seu público saberia que os doentes foram carregados somente quando o sábado tinha acabado, de modo a não violar a lei escrita. Conclui-se que este relato não pode ser obra da Igreja primitiva, que não estavam interessada em tais questões: ele é derivado de fato real cujo relato foi transmitida durante o ministério histórico, quando a observância da lei escrita importava, e todos davam como certo que uma observação como essa era necessária. É também uma evidência, portanto, do poderoso e bem sucedido ministério de exorcismo e cura de Jesus [6]

Ou seja, o fato de que o relato marcano tenta demonstrar que Jesus não havia quebrado a Lei (ou compactuado com a sua violação) ao realizar a cura de um enfermo carregado no Sábado, é evidência de que a fonte a qual ele se baseou refletia esse tipo de preocupação, e não teria se originado da igreja gentia do final do século I, destinatária do evangelho de Marcos, para qual essas sutilezas pouco sentido faziam. Em suma, o episódio reflete uma realidade compatível com o judaísmo palestino da primeira metade do século I, em que Jesus viveu, ao mesmo tempo em que está desalinhada com a Igreja gentia dos anos 65 a 80 DC quando Marcos foi escrito.

Mt 14:29, Ilustração Manuscrito Armênio.

A Tese de Casey: O Critério dos Traços de Aramaico como essencial na pesquisa do Jesus Histórico

No entanto, a principal proposta de Casey quanto a metodologia se refere ao uso do critério de traços de aramaico. Casey não inventou o critério. Muitos estudiosos vislumbraram  sua utilização, partindo do ponto óbvio de que Jesus, sua família, discípulos, seguidores e oponentes falavam aramaico, e que nos anos seguintes a sua morte as tradições e memórias orais foram transmitidas nessa lingua, e somente uma ou duas gerações depois foram incorporadas aos evangelhos escritos em grego que, mesmo assim, conservam um razoavél número de expressões na lingua materna de Jesus que poderiam, teoricamente, indicar a presença de fontes mais antigas e que remontam ao Jesus histórico.
No entanto, o critério dos traços de aramaico nunca conseguiu se firmar. Por exemplo, ao mencionarmos aqui no adcummulus, a discussão de John P Meier, sobre critérios de historicidade, o de traços de aramaico é relegado ao nível de critério secundário [7]. Casey atribui esse estado de coisas a três motivos i) até recentemente a base de escritos em aramaico para aquela região e período era limitada ii) Em parte por causa de i) os poucos estudiosos que tentaram utilizar os traços de aramaico na pesquisa histórica  não possuiam controles eficientes sobre seus métodos iii) a maior parte dos pesquisadores de novo testamento e Jesus histórico não são proficientes em aramaico. [8]
Mas Maurice Casey anuncia uma nova era. Com a descoberta dos manuscritos do Mar Morto, em 1948,  e de vários outros textos em aramaico da Síria e Palestina do início da Era Cristã, a base de dados aumentou consideravelmente, e, dessa forma, o critério dos traços de aramaico pode ser  reformulado e utilizado com proveito [8].
A proposta de Casey é utilizar o critério de traços de aramaico em conjunção com o de plausibilidade histórica. Assim, ainda que escritos em grego, os evangelhos atribuem várias expressões em aramaico a Jesus, e essas são mais comuns justamente em nossa fonte mais antiga, o evangelho de Marcos. Adicionalmente, também em Marcos, encontramos expressões em grego que parecem fazer pouco sentido, mas seriam mais inteligíveis em aramaico, e vários desses ditos e narrativas, segundo Casey, atendem o critério de plausibilidade histórica. [8] Além disso, os traços de aramaico em Marcos, tanto em termos incorporados ao texto grego quanto outros que parecem ter sido mal traduzidos do aramaico, em situações que se encaixam bem na realidade da Judéia e Galiléia da primeira metade do sec. I DC, levaram Casey a postular a existência de fontes aramaicas compostas poucos anos após a morte de Jesus, que foram utilizadas por Marcos, e na fonte Q, nos seus livros Aramaic Sources of Mark's Gospel e Aramaic Approach to Q: Sources for the gospels of Matthew and Luke.
Uma exemplo citado por Casey [9] é Marcos 1:41,
 Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o dizendo: Quero; sê limpo (...)
Agora, vejamos a mesma narrativa em Mateus (8:3):
Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo (...)
E em Lucas (5:1):
 Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo (...)
Mas porque Lucas e Mateus omitem a compaixão de Jesus?

Casey toca aqui em um problema de crítica textual bastante conhecido, de uma variação entre os termos compadecido e zangado. Como observa o Professor Bart Erhman, da Universidade da Carolina do Norte alguns antigos manuscritos do evangelho de Marcos tem orghistheis (irritar/irritando-se) ao invés de splangnisteis (compadecer/compadecido), e que essa variante dataria, no mínimo, do século II. [10]. Embora a variante do Jesus irado seja menos "popular", a possibilidade de que seja a versão original é grande. Em primeiro lugar, que os copistas tivesse preferido o Jesus compadecido ao Jesus zangado é plenamente compreensível, o contrário, porém, é absurdo. Em segundo lugar, e mais importante, no final do século I, Lucas e Mateus usaram o Evangelho de Marcos como fonte, e, se repetem verbatim o que ele escreveu nesse ponto, porque omitiriam a compaixão de Jesus? Talvez porque em suas cópias do evangelho de Marcos, Jesus estivesse com raiva e não compadecido. Mas mesmo se aceitarmos a variante textual como autêntica, a raiva de Jesus faz pouco sentido no contexto. Porque Jesus estaria com raiva do pobre leproso? Em suma, a variante do "Jesus compassivo" é duvidosa diante do testemunho textual, enquanto o "Jesus raivoso" parece deslocada do contexto.

Casey então usa o seu domínio do aramaico, e propõe uma solução, em minha opinião, brilhante:

"The aramaic source will have read regaz. This word often does mean "be angry", which is why Mark translated it with orgistheis. But the aramaic regaz has a wider range of meaning than "be angry", including "tremble" and "be deeply moved". Accordingly, Mark did not mean that Jesus was angry. He was suffering from interference, the influence of one of his languages on another. All bilinguals suffer from interference, especially when they are translating, because the word which causes the interference is in the text which they are translating . In Mark's mind, the greek word for being angry (orgistheis) also mean "tremble" or "be deeply moved", because this was the range of meaning of the normally equivalent aramaic word in front of him. (tradução) A fonte aramaica, devia usar o termo regaz. Este palavra frequentemente significa "estar com raiva", razão pela qual Mark traduziu com "orgistheis". Mas o aramaico regaz tem um leque mais amplo de significação do que "ficar com raiva", e  inclui "tremer" e "ficar profundamente comovido". Assim, Marcos não quis dizer que Jesus estava com raiva. Ele estava sofrendo interferência, a influência de um de seus idiomas em outro. Todos os bilíngües sofrem de interferência, especialmente quando traduzem, porque a palavra que causa a interferência esta no texto que se quer traduzir. Na mente de Marcos, a palavra grega para estar zangado (orgistheis) também significa "tremer" ou "ser profundamente comovido", porque essa era a gama de significados da palavra aramaica normalmente equivalente a sua frente. [11]

Essa abordagem resolve uma série de problemas, principalmente por dar sentido a uma passagem cujo original era, provavelmente, confuso. Além disso, em outra parte do livro, Casey observa que Lepra no texto bíblico designa uma série de doenças de pele, e até o crescimento colônias de fungos em residências. De fato, ele acrescenta que nenhuma das descrições dessas enfermidades no texto bíblico parece condizente com a Hanseniase, e, mais ainda, como já discutimos aqui no adcummulus, algumas dessas doenças de pele tem seus sintomas desencadeados ou agravados por vetores psicosomáticos, e portanto a ação de curandeiros e carismáticos pode ser bem sucedida [12], como também já vimos aqui no adcummulus.

Casey utiliza um outro exemplo em Marcos 2:23
 E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando (ou abrindo caminhos), começaram a colher espigas.
E compara com Mateus (12:1):
Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer
E Lucas (6:1)
E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus pelas searas; e seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as mãos, as comiam.
Entre os preceitos de proteção dos pobres da Lei Mosaica, temos em Levitíco 23:22 que "Quando fizeres a sega da tua terra, não segarás totalmente os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o Senhor vosso Deus". Ou seja, a Lei estabelecia que os fazendeiros deveriam deixar os cantos (ou seja, às áreas adjacentes a caminhos e trilhas existentes) e as espigas caidas da colheita para que os necessitados, famintos e viajantes obtivessem
alimento ao passarem pelas trilhas circundantes. Não havia, a princípio, problema em os díscipulos fazerem isso, ainda que a questão do Sábado tinha potencial para causar controvérsia, uma vez que poderia ser considerado trabalho.  No entanto, o grego de Marcos dá a entender que Jesus e seus díscipulos "abriram caminhos" por entre a plantação, não se contentando em colher as espigas nas plantas adjacentes as trilhas existentes. Isso seria considerado uma séria ofensa a Lei, abusando do dono do campo ao recolher as espigas que estavam destinadas a sua atividade econômica e não aos pobres. (Quase uma versão galiléia ano 30 do ditado "Dou a mão, e vocês querem o braço!!!").

Mateus e Lucas parecem ter percebido o problema, e omitem a referência a "abrir caminhos", acrescentando que as espigas foram colhidas porque os discípulos estavam com fome (Mateus) ou debulharam com as mãos e comeram imediatamente, implicando que tiraram do campo apenas o necessário para suas necessidades imediatas, sem carregar nada (Lucas). Casey comenta a questão:

Mark's Greek, however, says that the disciples were making a path, a serious offence which does not figure in the subsequent dispute. Hence neither Matthew nor Luke repeats it. Mark's Greek is however easy to understand as a slight misreading of a single aramaic word. Mark's Aramaic source will have read lema'ebhar, so they began "to go along" a path, which everyone was perfectly entitled to do on the Sabbath, so the Pharisees had no reason to object to this. This has been slightly misread as lemaebhadh, "to make" with "d" (ד)  rather than "r" (ר) as the final letter, by a translator who was again suffering from interference. Mark will have had a text written on something like a wax tablet or a shett of papyrus, and these could be difficult to read. Moreover, in Aramaic, the letters 'r' (ר) and 'd'(ד), very similar in the square script which I have printed here, were often virtually indistinguishable in an ancient written text. This is how the translator came to misread the text. Similar mistakes occur in the Septuagint, the only surviving translation of the whole Hebrew Bible into Greek [13] (tradução) O grego de Marcos, no entanto, diz que os discípulos estavam abrindo um caminho, uma ofensa grave, que não é mencionada na disputa seguinte. Assim, nem Mateus, nem Lucas repete isso. O grego de Marcos é, contudo, fácil de entender como um leve erro de tradução de uma única palavra aramaica. A fonte aramaica de Marcos teria lema'ebhar, então eles começaram a "ir pelo" caminho, algo que era perfeitamente permitido de se fazer no sábado, assim os fariseus não teriam porque se opor a isso. O que foi levou a uma pequena confusão como lemaebhadh, "fazer" com "d" (ד) ao invés de "r" (ר) como a letra final, por um tradutor que estava novamente sofrendo interferência. Marcos tinha provavelmente um texto escrito em algo como uma tábua de cera ou uma folha de papiro, e estes poderiam ser difíceis de ler. Além disso, em aramaico, as letras 'r' (ר) e 'd' (ד), já são muito semelhantes na fonte que eu tenho impresso aqui, e muitas vezes virtualmente indistinguíveis em um texto antigo escrito. Assim podemos entender como tradutor interpretou mal o texto. Erros semelhantes ocorrem na Septuaginta, a única tradução remanescente de toda a Bíblia hebraica para o grego. [13].
O "abrir um caminho" pela plantação em Marcos, também não figura na controvérsia subsequente com os fariseus, que se centra sobre a observância do sábado, embora fosse um alvo fácil, caso se quissesse criticar Jesus. Como argumenta Casey, a melhor explicação é Marcos ter traduzido erroneamente sua fonte aramaica, algo plaúsivel pelo fato dos termos "ir pelo" e "fazer" um caminho serem extremamente semelhantes em aramaico e quase indistinguíveis.

Menino e a Virgem, Catacumbas de Roma, IV sec.
Uma tradução pode ser detectada às vezes pelo uso de construções que parecem estranhas no texto traduzido, mas fazem sentido em sua lingua original. Recentemente, a proliferação dos gerundismos, como os famigerados "nós vamos estar enviando", ou "estaremos entrando em contato com o Senhor brevemente", foram posts na alça de mira dos professores de português. Os gerundismos se originam de traduções literais do "future continuous" da lingua inglesa (I will be sending = Vou enviar), mais provavelmente, da tradução um tanto apressada de manuais de treinamento de telemarketing, onde construções verbais no "future continuous" eram muito comuns.

Casey faz menção a um caso semelhante  no evangelho de Marcos:
"Translations also affects the frequency with which words are used. For example, Mark uses the greek word for "begin" 26 times, far more than one would expect in a Greek document, and Matthew and  Luke have a strong tendency to remove it, though they have other examples of their own. The word for "begin" (archomai) is as normal in Greek as it is in English, but the Aramaic equivalent (sheri) is often used when to us means nothing very much, and this is what Matthew in particular seems not to have liked. He kept only six of Mark's  26 examples, and he has only 13 altogether. Examples include Mk 2.23, where the disciples "began to make a path". I have discussed 'make", and I pointed out that this is a mistake due to Mark's misreading of an Aramaic source. There should be no doubt that in this instance Mark has translated sheri literally from his aramaic source. Matthew omitted the incorrect "make a path' and edited the narrative to read "began tio pluck the ears" (Mt 12:1), while Luke omitted 'began to make a path" altogether. Mark's 26 examples should be attributed to his use of aramaic sources. This is part of an argument of cummulative weight for the dependence of our oldest gospel on written aramaic sources. [14]
(Tradução)
Traduções também afetam a freqüência com que as palavras são usadas. Por exemplo, Marcos utiliza a palavra grega para "começar" 26 vezes, muito mais do que esperaria em um documento grego, e Mateus e Lucas têm uma forte tendência para removê-lo, embora tenham alguns outros exemplos próprios. A palavra para "começar" (archomai) é usada com frequência semelhante em grego quanto em em inglês, mas o equivalente aramaico (Sheri) é muito frequente, utilizado mesmo quando para nós não significa nada especifico, e é isso que Mateus, em particular, parece não ter gostado . Manteve apenas seis dos 26 exemplos de Marcos, e, ao todo, tem apenas 13 exemplos em seu texto. Exemplos incluem Mc 2,23, onde os discípulos "começaram a fazer um caminho". Tenho discutido "fazer", e mostrei que isso é um erro devido à má interpretação de uma fonte aramaica por Marcos. Não deve haver nenhuma dúvida de que nestes casos Marcos traduziu sheri literalmente de sua fonte aramaica. Mateus omitiu o incorreto "fazer um caminho "e editou a narrativa para ler "então começaram a colher as espigas"(Mt 12:1), enquanto Lucas omitiu " começou a fazer um caminho "completamente. Os 26 exemplos encontrados em Marcos devem ser atribuídos ao seu uso de fontes  aramaicas. Esta é parte de um argumento de peso cumulativa para a dependência do nosso mais antigo evangelho de fontes aramaicas escritas.[14]
 Assim, como as traduções literais de de manuais de telemarketing que fizeram "I will be sending", significar "eu vou estar enviando", traduzindo literalmente (e indevidamente) o verbo to be e o gerúndio, Marcos teria traduzido literalmente o verbo "sheri" do aramaico como começar, mesmo em situações em que o grego dispensa essa forma verbal. Mateus e Lucas, por sua vez, tendem a eliminar esse vício desnecessário ao usar o texto de Marcos como fonte.

Concluindo, Casey utiliza vários outros exemplos de termos em aramaico e construções em grego que indicam a existência de uma fonte aramaica para o evangelho marcos. Ainda que alguns desses casos específicos possam ser contestados de forma bem sucedida, no todo, é possível perceber um padrão que aponta fortemente na utilização de fontes aramaicas escritas por Marcos, pelas razões citadas acima. Adicionalmente, grande parte dessas ocorrências é observada quando o evangelista descreve situações condizentes com a realidade cultural e histórica da Galiléia da primeira metáde do século I e dos judeus cristãos, como controvérsias sobre o sábado e a lei, ao passo  "em que está desalinhada com a Igreja gentia dos anos 65 a 80 DC quando Marcos foi escrito", como já dissemos acima, indicando de forma clara que a fonte desses elementos é Galiléia e Judéia do Ministério do Jesus Histórico, e não a criatividade das comunidades cristãs helenisticas. 

Referências Bibliograficas.

[1] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: An independent historian's account of his life and teaching, T & T Clark International, Londres,  fl. 2
[2]  Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: An independent historian's account of his life and teaching, fls.3-44
[3] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: An independent (....), fl. 102
[4] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: An independent (....), fl. 105
[5] Murray G Murphey (2009), Truth and History, fl. 88

[6] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls. 106-108
[7] John P Meier (1991), Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico Vol 1, fls. 187-191, Ed. Imago
[8] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls. 108-109
[9] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls. 63-64
[10] Bart Erhman (2006), O que Jesus Disse? O que Jesus não disse? Quem mudou a Biblia e porque  fls. 146-147, Ediouro
[11] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls. 63 
[12] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls. 266-267
[13] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls.64-65
[14] Maurice Casey (2011) Jesus of Nazareth: (....), fls.113-114








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