sábado, 14 de julho de 2012

Mitra, Mitras, Mitraismo, Jesus e o Cristianismo - Existem paralelos? - Parte I


O deus persa Mitra e a religião de mistério Mitraismo são citados frequentemente (e principalmente na internet) como inspiração para a vida de Cristo. É dito que Mitra nasceu de uma virgem, teve 12 discípulos, realizou uma ceia, morreu e ressuscitou ao 3° dia. Até que foi crucificado. Contudo, a grande maioria não apresenta fontes. Quando citadas, frequentemente são autores esotéricos, ocultistas, ou muito antigas, as vezes do século XIX ou XVIII. Raramente é citada fonte acadêmica atualizada, textos antigos ou artefatos. 

Mas o que sabemos sobre Mitra? É até que ponto existem similaridades com o cristianismo? Esta séra (mais uma) série de posts aqui no adcummulus.



Mitra, Mitras, Mitraismo e Zoroatrismo


Relevo de Mitras, de  Roma, III séc, Louvre

De fundamental importância é entender o desenvolvimento do culto ao longo de vários séculos, da divindade auxiliar hindu e persa, ao protagonista de uma religião de mistério na antiga Roma. Começo com um artigo da Professora Alison Griffith, da Universidade de Cantebury, Nova Zelândia, chefe do board editorial do Electronic Journal of Mithraic Studies ou EJMS (jornal acadêmico dedicado aos estudos mitraisticos, coordenado por vários especiailistas no assunto). 

Prof. Griffith esclarece a relação entre Mitras, Mitra, o Mitraismo Romano e o Zoroatrismo


Mithraism is the ancient Roman mystery cult of the god Mithras. Roman worship of Mithras began sometime during the early Roman empire , perhaps during the late first century of the Common Era (…), and flourished from the second through the fourth centuries CE.(...) Mithras is the Roman name for the Indo-Iranian god Mitra, or Mithra, as he was called by the Persians. Mitra is part of the Hindu pantheon, and Mithra is one of several yazatas (minor deities) under Ahura-Mazda in the Zoroastrian pantheon. Mithra is the god of the airy light between heaven and earth, but he is also associated with the light of the sun, and with contracts and mediation. Neither in Hinduism nor in Zoroastrianism did Mitra/Mithra have his own cult . Mitra is mentioned in the Hindu Vedas, while Mithra is the subject of Yashts (hymns) in the Zoroastrian Avesta, a text compiled during the Sassanian period (224-640 CE)
(
Tradução)Mitraismo é uma antiga religião de mistério romana baseada no culta ao deus Mitras. A adoração romana a Mitras começou no início do período imperial, possivelmente no final do 1° seculo da Era Cristã, e atingiu seu auge entre o segundo séculos e quarto século da era cristã (...) Mithra é o deus das luz atmosférica, entre os céus e a terra, mas também é associado a luz do sol, aos contratos e a mediação. No Zoroatrismo e no hinduismo Mithra/Mitras não possuia seu próprio culto. Mitra é mencionado no livros védicos hindus, enquanto Mithra é assunto dos Yashts (hinos) do Avesta, do Zoroatrismo, livro compilado no periodo Sassanida (224-640 DC) [1]

O Professor Richard Gordon, da Universidade de Erfurt, e também membro do board do EJMS, acrescenta mais alguns detalhes sobre o desenvolvimento dos Mistérios de Mitras


(...) Mithra (in ancient India Mitra) was the Indo Iranian god of the contract. His cult was introduced into Anatolia by the Achaemenids after Cyrus' defeat of Croesus of Lydia (546 BC). As a result the god's name was known in Greece during the classical period, to Xenophon for example, but, as far as we can tell, without any details of his cult (notoriously, Herodotus thought he was a goddess [1.131.3]). With Alexander's conquest of the Persian empire, the raison d'etre of Iranian Cult, the symbolic reinforcement of Persian rule, was removed; no grand temple to Mithras survived into the Hellenistic world; his cult seems to have continued there only within  particular Iranian families and in the numerous, but isolated, localities. It is unlikely that there will ever be enough evidence to bridge the gap between Iranian Mithra, known mainly trhough the Avestan hymn (Yast) in his honor, composed c. 450- 400 BC, and the roman cult of Mithras/Mithres. Many have tried - this is one of the neuralgic points of Mithraic scholarship - but there is no genuinely and incontestably relevant evidence. (Tradução) Mithra (na antiga India, Mitra) era o deus dos contratos entre os indo-iranianos. Seu culto foi introduzido na Anatólia pelos Aquemidas após Ciro ter derrotado o Rei Creso da Lídia (546 AC). Como resultado o nome da divindade foi conhecido na Grécia no período clássico, por Xenofonte por exemplo, mas, até onde se sabe, sem que se conhecesse nenhum detalhe de seu culto (notoriamente, Heródoto pensou que Mitra era uma deusa [1.131.3]). Quando Alexandre conquistou o Império Persa, a própria raison d'etre do culto iraniano, o reforço simbólico do domínio persa, se perdeu; nenhum grande templo de Mitras restou do período helenistico, sua devoção parace ter continuado apenas entre certas famílias iranianas em numerosas, porém isoladas, comunidades. É improvável que algum dia haja evidência suficiente para preencher a lacuna entre o Mitra iraniano, conhecido basicamente através do Hino Avesta (Yast) in sua honra, composto entre 450-400 AC, e o culto romano a Mitras/Mitres. Muitos tentaram - este é um dos pontos nevralgicos do estudo do Mitraismo - mas não nenhuma evidência genuina e incontestávelmente relevante.[2]


Assim o Mitraismo (ou, mais apropriadamente, os Mistérios de Mitras) surgiu no mundo romano no início da era imperial, possivelmente em meados do I séc. DC, como culto organizado em torno do deus Mitras, correspondente romano do deus persa e hindu Mitra, associado aos contratos, os compromissos sociais e a luz. Contudo, no zoroatrismo e hinduismo não havia um culto a Mitra. O Mitraismo é um fenômeno tipicamente Romano. Resumindo, no território do Império Romano (que ia de Portugal até o atual Iraque, e da Inglaterra a atual Argélia), tínhamos a religião de mistério chamada Mitraismo, que passou a existir algumas décadas antes ou depois do ínicio da era cristã, não se sabe ao certo. Na Persia (Irã) e outras regiões da Asia Central, que faziam parte do Império Parto, Mitra é um dos  auxiliares de Ahura Mazda, divindade máxima do zoroatrismo, religião fundada pelo profeta Zoroastro, cerca de 700 anos antes de Cristo. Assim, no Império Parto não existiu mitraismo, mas zoroatrismo. E antes de Zoroastro, Mitra era adorado na India, sendo esporadicamente mencionado nas escrituras Hindus. 

De alguma forma, o deus Mitra foi "importado" da Antiga Persia, e partir dele se desenvolveu o culto Mitraista no Império Romano. Como visto, existe uma lacuna no conhecimento dos estudiosos entre o Mitra iraniano do zoroatrismo, de meados do século V AC, com o culto romano de Mitras do século I DC, e as formas intermedíarias do culto, que é fonte de intenso debate entre os pesquisadores. 

Fontes literárias e evidências arqueológicas para o Mitraismo
 

Mitra e o Touro, Estela, Museu de Sibiu

Professora Alison Grifith observa que a evidência para o culto Mitraista no Império Romano é basicamente arqueológica, com notável escassez de fontes literárias. 



The evidence for this cult is mostly archaeological, consisting of the remains of mithraic temples, dedicatory inscriptions, and iconographic representations of the god and other aspects of the cult in stone sculpture, sculpted stone relief, wall painting, and mosaic. There is very little literary evidence pertaining to the cult.

(tradução) As evidências para este culto são principalmente de natureza arqueológica, e consistem em restos de templos mitraicos, inscrições dedicatórias, e representações iconográficas do deus e de outros aspectos do culto em esculturas em pedras, esculturas de pedra em relevo, pinturas em paredes e mosaicos. A muito pouca evidência literária relativa ao grupo.[3]


O registro mais antigo associado ao Mitraismo Romano é uma inscrição datada de 90 DC, encontrada em um posto avançado, pertencente a legião XV Apollinaris, na antiga provincia da Panônia, atual Hungria. Essa legião participou, cerca de 30 anos antes, na defesa da fronteira oriental, contra os Partos (Persas), e, em sequência, da supressão a revolta judaica e do cerco de Jerusalém (66-70 DC). 



(…)the earliest datable evidence for the cult of Mithras came from the military garrison at Carnuntum in the province of Upper Pannonia on the Danube River (modern Hungary ). Indeed, the largest quantity of evidence for mithraic worship comes from the western half of the empire, particularly from the provinces of the Danube River frontier and from Rome and her port city, Ostia, in Italy (…) It is true that soldiers from the Roman legion XV Apollinaris stationed at Carnuntum (…) were called to the East in 63 CE to help fight in a campaign against the Parthians and further to help quell the Jewish revolt in Jerusalem from 66-70 CE. Members of the legion made mithraic dedications back in Carnuntum  (…) 

(tradução) (...) a mais antiga evidência do culto mitraista vem de uma guarnição em Carnatum na provincía da Panônia Superior, no Rio Danubio (atual Hungria). De fato, a maior parte da evidência para o culto mitraista vem da parte ocidental do Império, particularmente nas províncias da fronteira do Rio Danubio, de Roma, e sua cidade portuaria, Ostia, na Itália (...) é verdade que soldados da Legião Romana XV Apollinaris serviram em Carnatum (...) foram convocados para servir no Leste em 63 AC para ajudar em uma campanha contra os Partos e posteriormente tomaram parte no combate a revolta judaica em Jerusalém em 66-70 DC. Membros dessa legião fizeram oferendas a Mitra quando voltaram a Carnuntum. (...)[3]


David Ullansey, Professor do California Institute of Integral Studies, e da Universidade da California em Berkeley, comenta a primeira referência literária aos Mistérios de Mitras, feita por Plutarco de Quirôneia, em cerca de 80-90 DC.



earliest evidence for the Mithraic mysteries places their appearance in the middle of the first century B.C.: the historian Plutarch says that in 67 B.C. a large band of pirates based in Cilicia (a province on the southeastern coast of Asia Minor ) were practicing "secret rites" of Mithras. The earliest physical remains of the cult date from around the end of the first century A.D., and Mithraism reached its height of popularity in the third century

(Tradução) A mais antiga evidência para os mistérios de Mitra coloca seu aparecimento em meados do primeiro séclo antes de Cristo. O historiador Plutarco diz que em 67 AC, um grande grupo de piratas baseados na Cilícia (uma província costeira no Sudoeste da Asia Menor) estavam praticando rituais secretos de Mitras. A mais antiga evidência física do culto data do final do I século depois de Cristo, chegando o Mitraismo ao auge da popularidade no terceiro século. [4]



A passagem a qual Ulansey se refere é a seguinte:

Eles mesmos [os piratas] ofereciam estranhos sacríficios sobre o Monte Olimpo, e realizavam certos ritos secretos, dentre os quais os mistérios de Mitras foram preservados até os hoje, tendo sido instituidos previamento por eles. [5]

Mais ou menos na mesma época que Plutarco escreveu, o combate de Mitras com o grande Touro é brevemente mencionado pelo poeta Statius, que diz que Mitras torce os chifres rebeldes [do Touro] debaixo de uma caverna persa" [6].

Um dos problemas com o testemunho de Plutarco, é que ele escreveu sua Vida de Pompeu em cerca de 80-90 DC, referindo-se a fatos que teriam acontecido 150 anos antes, e só no final do século I DC é que começam a aparecer no Império Romano as primeiras representações de Mitras, dentre as quais a mais comum é o sacrificio o Touro.

Professor Richard Gordon comenta o desenvolvimento literário e arqueológico do culto:

Archaeologically, the cult of Mithras first appears in the Roman World in the Flavian-Trajanic period, when traces of it inscriptions (mithraea) are suddenly found at several widely separated sites, in Rome, Germania Superior, Raetia/Noricum, Moesia Inferior, Judea. The contexts are those we might expect: the military, the provincial toll system, harbor towns; the big surprise is Alcimus at Rome, the rich slave-bailiff of Tiberius Claudius Livanus, praetorian prefect from AD 102 (ILS 4199). No less striking is the fact that the first clear literaly reference dates from the same period: the poet Statius refers to Mithras, identified with solar Apollo, "twisting the recalcitrant horns in a Persian cave," Persaei sub rupibus antri/indignata sequi torquentem cornua Mithram" (Thebaid 719f.), a passage written in the mid-80s. The early evidence suggests that the cult already presented many of its later features - Mithras identified as Persian, as a Sun-god and as bull-slayer, the constrative torchbearers, the death of the bull as the guarantee of agricultural fecundity" (Tradução) Arqueologicamente, o culto mitraico surge no mundo romano no período flavianico-trajânico, quando traços dele em inscrições (Mithrae) são subitamente encontrados em sítios arqueológicos separados amplamente um dos outros, em Roma, Germânia Superior, Raetia/Noricum, Moesia Inferior, Judéia. O contexto é aquele que se poderia esperar: militares, o sistema de pedágio imperial, cidades portuárias; A grande surpresa é Alcimo em Roma, o rico chefe dos escravos de Tíberio Claúdio Livano, prefeito pretoriano no ano 102 DC (ILS 4199). Não menos surpreendente é que a primeira clara referência literária data do mesmo período: O poeta Statio se refere a Mitras, identificado com o deus solar Apolo, "torcendo os chifres recalcitrantes em caverna persa "Persaei sub rupibus antri/indignata sequi torquentem cornua Mithram" (Thebaid 719f.), verso escrito em meados da década de 80 DC. A evidência mais antiga que o culto já possuia muitas de suas características posteriores - Mitras identificado com os persas, como divindade solar e matador do touro,  o contraste das figura que seguram as tochas, o sacrifício do Touro como garantia da fertilidade agrícola[7]. 
 Além disso, como observou o Professor Marteen Vermaseren, nenhum monumento mitráco pode ser datado antes do final do século I, e mesmo em Pompéia, destruída pela erupção do Vesúvio em 79 DC, nenhuma inscrição ou imagem do deus foi recuperada [8]. Assim, existe um vazio no nosso conhecimento sobre o Mitraismo entre 67 BC e 80 DC. Em Roma, como já observou acima o Professor Richard Gordon, a mais antiga evidência é uma inscrição mencionando um certo Alcimo, servo de Tibério Claudio Livano, que é geralmente identificado como o Comandante da Guarda Pretoriana sob o Imperador Trajano (98-117 DC), o que permite datar o artefato no início do século II. A partir daí, o rastro de Mitras é amplo e claro espalhando-se pelas províncias e pela capital.
 
 Assim, tenha sido trazido pelos piratas derrotados por Pompeu em 60 AC, ou pelos soldados da XV Legião em 60 DC, tudo indica ter havido um período de desenvolvimento do Mitraismo até que começam a aparecer as figuras nos templos, com suas paredes e esculturas que narram o mito de Mitras, no II século. 

Segundo Alison Griffith, na parte ocidental do Império, notadamente nas fronteiras dos Rios Reno e Danúbio e nas imediações da cidade de Roma, que se concentra a grande maioria das evidências arqueológicas do Mitraismo. A imediações do Muro de Adriano, que separava a Inglaterra da Escócia, e a Númida, no Norte da Africa (região da atual Argélia e Tunísia), são as duas outras regiões onde, segundo a evidência arqueológica, o mitraismo era popular. Com excessão da cidade Roma, todas essas áreas eram de grande concentração de legionários em serviço. Em Roma e Ostia estão 26 dos 100 mitrários remanescentes. Ela observa que, em Roma e adjacências, embora alguns cidadãos parecam ter tido algum envolvimento a partir do final do século I DC, a evidência arqueológica aponta que o culto se tornou popular a partir de meados do II século DC [9]

Professor Wolf Liebeschuetz, da Universidade de Nottingham, também observa o fato da concentração das evidências arqueológicas mitraísticas nessas quatro regiões, inferindo que, provavelmente, a de Ostia/Roma seria mais antiga. Ressalta que a evidência para o mitraismo na Grécia e no leste do Império é muito pequena, o que aponta para o  surgimento dos misterios de Mitras na parte ocidental do Império [10

Como veremos aqui no adcummulus nos próximos posts dessa série, essa constatação é importante, porque caso o culto já existisse no Irã, seria justamente no leste (atual Siria e Iraque), região que fazia fronteira ao antigo  Império Parto (e que também concentrava um grande número de tropas), é que se esperaria encontrar farta e, principalmente, a mais antiga evidência sobre o Mitraismo.

Griffith continua, observando que não há para o mitraísmo, um grupo de escritos semelhante ao Novo Testamento, e não se sabe ao certo até mesmo se algo assim tenha realmente existido no passado.


The Roman cult of Mithras is known as a "mystery" cult, which is to say that its members kept the the liturgy and activities of the cult secret, and more importantly, that they had to participate in an initiation ceremony to become members of the cult. As a result, there is no surviving central text of Mithraism analogous to the Christian Bible, and there is no intelligible text which describes the liturgy. Whether such texts ever existed is unknown, but doubtful. Worship took place in a temple, called a mithraeum, which was made to resemble a natural cave.(...) There are about one hundred mithraea preserved in the empire.

(tradução) O culto romano a Mitras é conhecido como uma "religião de mistério", o quer quer dizer que os membros deviam manter segredo sobre as atividades e liturgia do culto, e, mais importante, que eles tinham de participar de uma cerimônia de iniciação para se tornarem membros do culto. Como resultado não há um texto central, remanescente, semelhante a Bíblia Cristã, como não há um texto inteligível descrevendo a liturgia. Não se sabe se um texto assim existiu no passado, mas é duvidoso. O culto acontecia em um templo, chamadro Mitrário, que era construido de forma a lembrar uma caverna. (...) Existem hoje cerca de cem Mitrarios remanescentes do Império (Romano).[11]


Infere-se, a partir das evidências arqueológicas associadas aos mitrários, que os seguidores de Mitras se reuniam para compartilhar de uma refeição comunitária, iniciação de membros e outras cerimônias. A maioria dos Mitrários permitiam receber, no máximo, 40 pessoas. Somente homens eram aceitos como iniciados. A estrutura do culto era hierarquica, estando os membros organizados em sete níveis cada um associado a um símbolo especial e um planeta diferente. O primeiro era o de Corax (corvo, sob Mercurio), Nymphus ("noivo", sob Venus), Miles (soldado, sob Marte), Leo (leão, sob Jupiter), Perses ("persa", sob a Lua), Heliodromus ("mensageiro do Sol", sob o Sol), e o mais importante Pater ("Pai", sob Saturno). Aqueles que chegavam ao mais alto grau, Pater, podiam se tornar chefes da congregação.  Como as congregaçãoes eram pequenas, novas eram provalmente formadas com regularidade, cada vez que novos membros se tornavam Pater [11]. 


O Professor Roger Beck, da Universidade de Toronto, resume o que podemos afirmar até aqui sobre o desenvolvimento dos mistérios de Mitra no Império Romano:


From this evidence we know that the cult was the last of the important mystery cults to evolve and that it thrived in the second and third centuries AD and waned in the fourth as élite patronage was gradually transferred to Christianity.The cult was limited to men (not a good strategy for maximising market share), popular with the military (hence over-represented in the frontier provinces), with a large constituency in the city of Rome and its port Ostia. It consisted overwhelmingly of those a notch above the absolutely poor, a religion of the reputable but not of the élite. While Christianity developed hierarchically and strove to form and maintain a single Church - at least in principle - Mithraism remained comfortably local. We know of no Mithraic authority higher than the ‘Father’ presiding over his group of thirty or so brother initiates: no Mithraic bishops or pope, and no orthodoxy to define and squabble about. (tradução) A partir desta evidência, sabemos que o culto foi o último das religiões de mistérios importantes a se desenvolver que prosperou nos séculos segundo e terceiro e diminuiu no quarto quando o favorecimento da elite foi sendo gradualmente transferido para o cristianismo. O culto era limitado aos homens (estratégia ruim para maximizar a market share), popular com os militares (portanto concentrado nas províncias fronteiriças), com uma base grande de adeptos na cidade de Roma e seu porto de Óstia. Consistia esmagadoramente de pessoas um pouco acima da pobreza, uma religião dos respeitávelis mas não das elites. Enquanto o cristianismo desenvolveu hierarquicamente e se esforçou para formar e manter uma Igreja una - pelo menos em princípio - o mitraísmo manteve-se confortavelmente local. Não se sabe de nenhuma autoridade Mitraista maior do que o 'Pai' presidindo seu grupo de pouco mais de trinta iniciados: nenhum bispo de Mitra ou papa, e sem ortodoxia para se definir ou debater.[12]




Referências Bibliográficas
[1] Alison Griffith (2000) Mithraism, Exploring Ancient World Cultures: Essays on Ancient Rome,  http://eawc.evansville.edu/essays/mithraism.htm  acessado em 10.07.2012 
[2]  Richard Gordon (2007) Institutionalized Religions Options: Mithraism In Jorg Rüpke (2007) Companion to Roman Religion, fls. 394-395, Wiley Blackwell
[3] Alison Griffith (2000) Mithraism, Exploring Ancient World Cultures: Essays on Ancient Rome,  http://eawc.evansville.edu/essays/mithraism.htm  acessado em 10.07.2012
[4] David Ulansey (1991) The Cosmic Mysteries of Mithra, excertos, http://www.mysterium.com/mithras.html, acessado em 10.07.2012 
[5] Plutarco, Vida Paralelas, Pompeu, 25:4 
[6] Statius Tebeida, 1:719-720
[7] Richard Gordon (2007) Institutionalized Religions Options: Mithraism In Jorg Rüpke (2007) Companion to Roman Religion, fls. 394-395, Wiley Blackwell
[8] Marteen Vermaseren (1963)  Mithras: the Secret God, fl. 29
[9] Alison Griffith (2000) Mithraism, Exploring Ancient World Cultures: Essays on Ancient Rome,  http://eawc.evansville.edu/essays/mithraism.htm  acessado em 10.07.2012 
[10] JHWG Liebeschuetz (1994) The expansion of Mithraism among the religious cults of the second century republicado em JHWG Liebeschuetz (2006) Decline and Change in Late Antiquity: Religion, Barbarians and their Historiography, fls. 195-216. 
[11]   Alison Griffith (2000) Mithraism, Exploring Ancient World Cultures: Essays on Ancient Rome,  http://eawc.evansville.edu/essays/mithraism.htm  acessado em 10.07.2012
[12] Roger Beck (2006) The Pagan Shadow of Christ? http://www.bbc.co.uk/history/ancient/romans/paganshadowchrist_article_04.shtml, acessado em 13.07.2012
 

 

1 comentários:

Anônimo disse...

Excelente estudo, mas seria bem mais proveitoso se você colocasse na referência a página de onde você tirou suas citações, para assim serem melhor conferidas. Abraço.! Deus o Abençoe.!

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