sexta-feira, 9 de julho de 2010

A Significância de Jesus e a Escala Richter de Impacto Histórico Parte 2D: Historiadores Romanos

Neste post, continuamos nossa série "Jesus na História Richter de Impacto Histórico", agora falando sobre as menções de Jesus nos historiadores romanos, Tácito, Plinio e Suetônio.


1) Tácito
Vamos a mais importante dessas referências (afora Josefo), a de Cornélio Tácito.
Gerd Thiessen e Annete Merz, nos dam uma descrição breve em relação ao autor:
P. Cornelius Tacitus, membro da aristocracia senatorial, ocupou os cargos habituais (foi, por exemplo, Proconsul da Ásia em 112/113) mas ficou famoso principalmente por suas duas grandes obras de crítica ao Principado: as Histórias (105/110) e os Anais (116/117). [1]

Tacito escreve sobre a perseguição de Nero contra os cristãos após o incêndio de Roma em 64 DC, para encobrir boatos de que ele próprio havia provocado a catastrófe.

"Para fazer calar o rumor, Nero criou bodes expiatórios e submeteu as torturas mais refinadas aqueles que o povo chamava de "cristãos", odiados por seus crimes abomináveis. Seu nome deriva de Cristo (Christus), que, durante o governo de Tibério, tinha sido executado pelo Procurador Pôncio Pilatos. Sufocada por algum tempo, a superstição mortal irrompeu novamente, não apenas na Judéia, terra onde se originou o mal, mas também na cidade Roma, onde todos os tipos de práticas horrendas e infames de todas as partes do mundo se concentram e são fervorosamente cultuadas. Portanto, primeiro foram presos os que confessaram, e baseada nas provas que eles deram foi condenada uma grande multidão, ainda que não os condenaram tanto pelo incêndio mas sim pelo seu ódio à raça humana. Alem de mata-los fe-los servir de diversão para o público. Vestiu-os em peles de animais para que os cachorros os matassem a dentadas. Outros foram crucificados. E a outros acendeu-lhes fogo ao cair da noite, para que a iluminassem. Nero fez que se abrissem seus jardins para esta exibição, e no circo ele mesmo ofereceu um espetáculo, pois se misturava com as multidões, disfarçando de condutor de carruagem. Tudo isso fez com que despertasse a misericórdia do povo, mesmo contra essas pessoas que mereciam castigo exemplar, pois via-se que eles não eram destruídos para o bem público, mas para satisgfazer a crueldades de uma pessoa" [2]

Tácito se refere a um certo Cristo, executado por Pôncio Pilatos, na Judéia, fundador da seita dos cristãos, que, pelo tempo do Imperador Nero, já estava bem estabelecida em Roma. Apresenta um juízo bastante negativo do cristianismo. Uma pratica horrenda e infame. Um novo culto, uma superstição passível de controle e sanção. A perseguição aos cristãos por Nero é relatada também por Suetônio (A Vida dos Doze Césares, De Vita Nero, 16:2), embora este não ligue o incêndio ao grupo.

A perseguição, embora restrita a cidade Roma e de curta duração, teve impacto duradouro sobre os cristãos. Professor John Dominicic Crossan, De Paul University, e Jonathan Reed, University LaVerne, referindo-se a essa passagem de Tácito e carta cristã 1 Clemente, datada de 95 DC, escrevem que "imediatamente depois de mencionar a execução de Pedro e Paulo, 1 Clemente continua - Ao redor desses homens com suas vidas santas, reuniu-se uma grande multidão de escolhidos, todos vítimas de inveja, que ofereceram entre nós o mais belo exemplo de persistência em face de tantas indignidades e torturas (6.1. Observe, de passagem, que Tácito falou de "vasto número" e 1 Clemente, de "grande multidão ... entre nós", referindo-se, sugerimos, a mesma perseguição de bodes expiatórios forjados por Nero no ano 64" [3]

Em outro momento, pretendo analisar com mais atenção as relações entre os primeiros cristãos e o Estado Romano. Por ora, podemos dizer que quatro anos depois, após uma série de atos insanos Nero foi deposto e morto, e seus sucessores praticamente não se ocuparam dos cristãos, que assim tiveram algumas décadas de relativa tranquilidade.

Objeções: Eventualmente, algumas objeções são levantadas contra a passagem

i) A autenticidade da passagem
ii) O fato de Tacito mencionar Cristo, um título, e não a Jesus.
iii) Tácito, nos manuscritos mais aintigos, escreve "Chrestus" e "Chrestiani" e não Cristo.
iv) Tácito, equivocadamente, chama Pilatos de Procurador e não Prefeito, seu título correto.

i) John P. Meier, Professor da Universidade de Notre Dame (EUA), fala da autenticidade:

"Apesar de algumas débeis tentativas de mostrar que o texto é uma interpolação na obra de Tácito, a passagem é obviamente genuina. Não somente é encontrada em todos os manuscritos dos Anais,mas o próprio tom anti-cristão do texto torna quase impossível que seja de origem cristã (...) Na mente desse senador romano e antigo proconsul não havia nada mais grave a ser imputado a esse culto do que o fato de ter se originado e ter tomado o nome de um judeu da Província da Judéia chamado Cristo, que tinha sido executado por Pôncio Pilatos. A menção a Cristo e seu destino tem um papel importante no quadro negativo que Tácito faz dos cristãos, uma descrição tão curta e depreciativa de Jesus dificilmente proviria de mão cristã" [4]



Assim, não é de se estranhar que os escritores e apologistas cristãos não tenham citado a passagem, pois Tácito apenas diz que Jesus foi executado (como criminoso) por Pilatos. Embora diga que os cristãos não fossem culpados do incêndio e descreva os terríveis suplícios a qual foram submetidos, diz claramente que eram culpados de "ódio a raça humana", e "odiados por seus crimes abomináveis" e que de qualquer forma "mereciam castigo exemplar", por seguirem uma "superstição mortal", que era uma "daquelas práticas horrendas e infames" que lamentavelmente encontravam guarida em Roma. Uma vez que as apologias tentavam provar que os cristãos eram cidadãos honestos, produtivos, leais e que, portanto, as perseguições eram injustas, as afirmações de Tácito eram tudo aquilo que os cristãos queriam refutar. Utiliza-lo equivaleria a "dar um tiro no pe".


Professor Robert Van Voorst [5], além de observar o forte tom anti-cristão da passagem, levanta mais alguns pontos relativos a autenticidade, como o fato do estilo e conteúdo da passagem serem tipicamente Taciteanos, se adequa bem ao contexto, sendo a conclusão necessária do incêndio de Roma, é citada por Sulpício Severo no ínicio do século V (e desta forma, qualquer interpolação teria de ter ocorrido entre o século II e IV), e por fim, e citando as observações da classicista Norma Miller, o estilo Taciteano e de díficil imitação tanto para pagãos, quanto para cristãos da antiguidade. Assim, observa Van Voorst, a passagem é considerada autêntica pela "vasta maioria dos estudiosos" [5]. [adicionado em 04.07.2011: Podemos acrescentar que, a vasta literatura sobre a passagens, longe de se concentrar na questão da autenticidade, trata o texto consistente como genuino, e foca, principalmente, na conexão entre o incêndio e a perseguição dos cristãos por Nero, dos motivos e das base legais em que os cristãos foram perseguidos, e na significância como testemunho da percepção pagã de Cristo e dos Cristãos [5]. Assim, estudiosos como Professor Ronald H Martin, mesmo apontando algumas problemas que tem "incomodado" os estudiosos, observa que o "relato é tão circunstâncial que sua confiabilidade, em termos gerais, deve ser aceita" , em questões como o "uso dos cristãos como bodes expiatórios do incêndio" , "como mais antigo testemunho pagão da execução de Cristo" e permite entender "a percepção de Tácito sobre a questão" (de "superstições estrangeiras" como o cristianismo); abordagem similar ao historiador belga Ludovic Wankenne que conclui que Tácito "é a fonte pagã mais precisa e plausível da perseguição de Nero aos fiéis de Cristo" [5a]. Da mesma forma, os classicistas Geoffrey Ernest Maurice de Ste. Croix e AN Sherwin White - que protagonizaram um intenso debate sobre as bases da perseguição romana aos cristãos - expressam opiniões semelhantes sobre a passagem, utilizando Tácito como testemunho inicial desse processo, assim como Graeme W Clarke ao analisar o cristianismo incipiente no tempo de Nero [5a].



ii) Chrestiani (e Chrestus) eram, no início do cristianismo, formas alternativas para os nomes Christiani (e Christus),



[adicionado em 12.07.2010, após comentário de nosso atento leitor Rodrigo] Observamos que, também nos manuscritos mais antigos de Tácito, é utilizada a grafia correta, Christus. A questão é em relação a palavra Christianus, que na interpretação de alguns estudiosos, apareceria como Chrestianus, nestes mesmos manuscritos [5].


como explica Meier:
"A citação de pessoas comuns torna possível que Tácito tivesse escrito originalmente "Chrestianos e Chrestus, uma confusão normal entre os pagãos dos primeiros séculos, pois a esse tempo as vogais "e" e "i" do grego eram pronunciadas de forma idêntica"
[6]

Thiessen e Merz, acrescentam:
"A leitura "Christianos" não é certa, pois nos manuscritos mais antigos e confiáveis foi corrigida a partir de "Chrestianos". "Chrestiani" é provavelmente uma forma vulgar do nome para cristãos ("os valiosos") derivado do divulgado nome grego de escravo "Chrestos" (o útil, o valioso), a qual é atestada várias vezes: Tertuliano , Nat. I,3,9, Apol 3,5; Lactâncio, Div Inst IV,7,4s.; Justino, Apol I,4 e 5, entre outros; cf. Fuchs, Tacitus 563-569" [7]

Justino (cerca de 150 DC), Tertuliano (200 DC), e mesmo Lactâncio no sec. IV DC, dizem que os não-cristãos frequentemente trocavam (cristãos) christianos com chrestianos. Tertuliano, em Apologia, cap 3, verso 5 nos diz:

"Bem, então, se tal é a aversão pelo nome, que censura podeis vós aplicar a nomes? Que acusação podeis levantar contra simples designações, a não ser que o nome indique algo bárbaro, algo desgraçado, algo vil, algo libidinoso. Mas Cristão, tanto quanto indica o nome, é derivado de "ungido". Sim, e mesmo quando é pronunciado de forma errada por vós, "Chrestianus", - por vós que não sabeis precisamente o nome que odiais - ele lembra doçura e benignidade." [8]



iii) Quanto ao uso de Christus (ao invés de Jesus) por Tácito,



F.F. Bruce (1910-1990), Professor da Universidade de Sheffield, escreve:
"Para o pagão Tácito, Cristo era simplesmente um nome próprio como qualquer outro; para o judeus, assim como para os primeiros cristãos , não era mero nome, era um título, o equivalente grego do termo semita Messias (Ungido)" [9]

Assim como Cristo, "Buda" é um título. "Papa" é um título. "Augusto" era um título. Não é incomum que títulos sejam usados como nomes próprios. Quando eu digo que Buda nasceu na India no sec VI AC, eu estou provavelmente me referindo a Sidarta Gautama, e não ao título "Buda" ou iluminado.

"Tiradentes" é um título. Muitos outros arrancavam dentes no sec. XVIII (bem mais do que pretendentes a Cristos no século I). Mas, se um escritor francês ou inglês do sec. XIX mencionar um certo Tiradintes ou Tiradiente, que viveu em Minas Gerais, associado a um movimento chamado conjuração mineira, e que foi capturado a mando do Visconde de Barbacena, e posteriormente executado, no reinado de Maria I de Portugal, existirá duvida que a referência é ao mártir da independência do Brasil?

iv) No que se refere ao uso do título procurador em relação a Pilatos,



Meier escreve:
"Como agora sabemos pela inscrição descoberta em 1961 em Cesaréia Marítima, Pôncio Pilatos tinha o título de "prefeito" e não "procurador", quando governou a Judéia. Durante os reinados de Augusto e de Tibério, os governadores da Judeia e do Egito saiam da ordem dos cavaleiros (não da senatorial), normalmente recebendo o título de prefeito. Esse título destacava as funções militares , ao passo que o de procurador dava mais a idéia de um administrador financeiro, representante pessoal do Imperador. Na prática, contudo, a diferença entre prefeito e procurador, com toda a probabilidade, não tinha tanta significação em uma província de além mar como a Judéia, também não é impossível que, ao referir-se ao cargo, o povo ussase indiferentemente "o prefeito" ou "o procurador". Portanto não surpreende que nem Tácito, Filo ou Josefo sejam consistentes a este respeito" [10]

Até o ano de 41 DC, os governadores romanos na Judéia tinham o título de Prefeito. Após um breve reinado do Rei Herodes Agripa I, o governo romano sobre a província foi restabelecido pelo Imperador Claúdio em 44 DC. A partir daí, a Judéia foi governada por Procuradores.

Contudo, o ponto levantado por Meier, de que Filo e Josefo foram inconsistentes na utilização dos termos procurador e prefeito para Pilatos e outros governadores romanos, é ilustrado pelo fato de que Filo, em Legatus Gaio, 299 (escrito em cerca de 45 DC), utiliza o termo "epitropos" para se referir a Pilatos, que é o equivalente grego do título romano procurador (o termo grego correspondente a prefeito seria eparchos) [11][12]. O professor Warren Carter, observa que Josefo também chama Pilatos de epitropos ou procurador (Guerras Judaicas 2:169). Josefo utiliza epitropos/procurador para governadores que antecederam Pilatos (como Coponio, Guerras Judaicas 2:117) como para alguns de seus sucessores (Cuspio Fado e Tibério Alexandre, Guerras Judaicas 2:220; Antonio Félix, Guerras Judaicas 2:247). Da mesma forma, Josefo se refere a Valério Grato (16-26 DC) como prefeito/eparchos da Judéia , assim como Porcio Festo (60-62 DC). Para complicar mais ainda, Festo é referido tanto como procurador como prefeito em Antiguidades Judaicas (19.363; 20.14) [12]. A príncipio, Pilatos e seus antecessores seriam todos prefeitos, e os seus sucessores (com excessão de Marcelo e Marulo) procuradores. [adicionado em 04.07.2011]: O Professor Steve Mason, da York University, identifica um padrão no uso dos termos epitropos/eparchos em Josefo: em Guerras Judaicas, ele emprega, em sua primeira menção de cada governador, invariavelmente, o termo procurador (epitropos), mas não utiliza este termo em Antiguidades (contudo, ver 19:363 acima). No entanto, quando Josefo se refere, pela 2ª vez aquele mesmo governador, seja em Guerras ou mais ainda em Antiguidades, ele emprega outro título. Mason observa que a aparente inconsistência no uso desses termos por parte de Josefo e Tácito pode ser resultado de anacronismo, ou, seguindo Barbara Levick, que os governadores da Judéia acumulassem originalmente ambas as funções, e o Imperador Claúdio tenha insistido no título de Procurador para enfatizar a natureza não militar das provincias, bem como reforçar a suborninação dos governadores diretamente a ele, e não aos Legados senatoriais das provincias vizinhas. [12a] (Podemos acrecentar que Barbara Levick comenta também uma inscrição, datada do início do governo de Tibério, atestando o exercício de funções militares por um procurador [12a]

Fontes
Outra questão é a fonte das informações de Tacito. Será que ele consultou fontes oficiais relativas a Cristo ou o cristianismo, ou seja, uma fonte independente? A fonte de Tácito é um documento como um relatório ou carta de Pilatos? Apenas relata o que era de conhecimento geral no início do II século? São informações recebidas dos cristãos? Nesse ponto os estudiosos estão divididos.

Uma possibilidade, é Tácito ter obtido informações com seu amigo Plínio, que interrogou e investigou as atividades cristãos enquanto era governador da Bitínia, poucos anos antes de Tácito começar a escrever os Anais. Ou mesmo repetindo o que era de conhecimento geral sobre os cristãos. Ou a própria experiência de Tácito com os cristãos, uma vez que ele foi governador da província da Asia em 112-113 DC.

Também é possível o uso de outros escritores, (como Flavio Josefo): Meier, observa que alguns pesquisadores, como Von Harnack, sugeriram que a fonte utilizada por Tácito foi Flávio Josefo. Considera-se aqui as versões reconstituidas (que Meier chama de núcleo autêntico), como a de Meier ou Agápio, (maiores detalhes na parte 2b e 2c deste artigo).

Meier comenta [12]:
"Apelando para o ponto de vista de Von Harnack, Dornseiff salienta o paralelo entre o Testimonium e os Anais 15.44. Se fosse demonstrado que Dornseiff esta certo em sua posição, ficaria de fato provado que o núcleo do Testimonium é autêntico. Todavia, conforme nota Martini ("Il Silêncio"), a opinião de que neste ponto Tácito se baseou em Josefo é, via de regra, rejeitada pelos pesquisadores"

e observa as diferenças e semelhanças entre os dois relatos [12]::

"Eis apenas algumas das diferenças:
(1) Josefo (no núcleo do Testimonium) fala somente de "Jesus", Tácito só de "Cristo", entendido como nome próprio.
(2) O reinado de Tibério é mencionado no contexto mais amplo de Ant. 18.2.4 e 3.4, mas não no Testimonium; já Tácito se refere a Tíberio ao lado de Pilatos
(3) Josefo primeiro descreve o sacerdócio de Jesus (milagres, ensinamentos, grande êxito tanto entre os judeus como entre os gregos); Tácito apenas registra o fato de ele ter dado origem aos cristãos e sua execução
(4) Josefo fala de acusação dos líderes judeus ante a Pilatos; Tácito mostra apenas o papel de Pilatos na execução.
(5) Josefo menciona explicitamente a morte por crucificação; Tácito fala vagamente de imposição de pena capital.


Tudo isso não visa negar uma série de grandes semelhanças: Num pequeno trecho

(1) Jesus/Cristo é mencionado pelo nome
(2) Sua execução na Judéia sob Pilatos (portanto durante o reinado de Tibério) é citada.
(3) é assinalado que de seu nome deriva a palavra "cristão"
(4) é dito que o grupo de cristãos que dele se originou continua após sua morte.

Consideradas as perspectivas de dois historiadores não cristãos vivendo em Roma no fim do século I ou início do século II, tais semelhanças não são tão gritantes a ponto de provar que Tácito se baseou literariamente em Josefo.

Como observado acima, caso fosse provado que Tácito utilizou Josefo como fonte ficaria definitivamente comprovada a tese, hoje dominante, de autenticidade parcial do Testimonium Flavianum.

Uso de fontes oficiais: Peter Kirby [13], relaciona alguns dos argumentos que favorecem a origem cristã das informações de Tacito, ou de que ele esta simplesmente repetindo o que era de conhecimento geral no início do século II.

1) Tacito não identifica explicitamente sua fonte
2) Tacito identifica Pilatos como procurador, quando o título apropriado seria prefeito
3) Tacito refere-se ao fundador da seita como Cristo, enquanto que relatórios ou registros oficiais usariam o nome Jesus.
4) Autos de processos de crucificação dificilmente sobreviveriam por 100 anos
5) Não havia razão para Tácito pesquisar sobre Cristo em detalhes. Ele aparece unicamente para explicar a origem do nome cristãos, cujas torturas a que foram submetidos evidenciavam a crueldade de Nero.
6) Finalmente, não haveria porque não tomar a história da origem do nome cristãos como correta.

Por outro lado, Kirby apresenta os argumentos favoráveis a consulta de documentos oficias:

1) Tácito era um pesquisador meticuloso em sua prática habitual, consultando documentos e fontes múltiplas.
2) Tácito é hostil aos cristãos e assim não confiaria neles
3) Tácito não menciona as mais importantes doutrinas cristãs, como a ressureição e divindade de Jesus.
4) Segundo Maurice Goguel, a fonte não é cristã pois presume o "virtual desaparecimento do cristianismo após a morte de Jesus" (Jesus the Nazarene, p. 41).
5) Ainda de acordo com Goguel, a menção a Cristo deve se originar de alguma fonte escrita e/ou oficial pois não contém palavras como'dicunt" ou "ferunt" o que autorizaria a supor que Tácito apenas relata o que ouviu dizer (Jesus the Nazarene, p. 40).

Como observa Thiessen e Merz [14], caso Tácito tivesse consultado relatórios provinciais nos arquivos imperiais, do tempo de Pilatos, não se poderia explicar um erro como o uso de procurador ao invés de prefeito. Kirby [cf ref 12], no entanto, oferece a possibilidade de que o relatório oficial a qual Tácito teria tido acesso não seria uma carta de Pilatos, mas um relatório que classificaria a religião cristã como "religios prava" ou "superstitio". Tal classificação teria que ter sido aprovada antes da perseguição oficial iniciada por Domiciano (95-96 DC), para que esta pudesse ter sido conduzida legalmente. Se este tiver sido o caso, a decisão teria sido publicada na Acta Diurna ou Acta Senatus, a qual Tacito, como senador, tinha acesso. Tal relatório incluiria informações basicas sobre o cristianismo e seu fundador, como encontradas em Tácito.

A sugestão de Kirby é interessante, contudo não há como saber com certeza as origens das informações de Tácito.

Em todo caso, uma forte evidência em favor do uso de alguma fonte do I século (possivelmente complementada com informações obtidas no trato direto ou indireto de Tácito com os cristãos) é o que é relatado sobre os cristãos. Seria necessário Tácito depender de informantes cristãos para saber que Nero os utilizou como bode expiatório? Que uma "multidão" foi presa, interrogada e executada? Que Nero abriu seus jardins e misturou-se a multidão disfarçado de condutor de carruagem no espetáculos do circo em que cristãos eram mortos? Com toda a probabilidade, o incêndio de Roma e a responsabilização dos cristãos por parte de Nero, devem ter levado a algum tipo de curiosidade pública sobre quem eram os cristãos, suas origens e seu fundador. Houve interrogatórios, e informações foram obtidas. Isso, é claro, sem contar o fato de que Nero julgou que poderia lançar a culpa sobre o grupo, o que implica algum tipo de conhecimento prévio, capaz de distinguir entre seitas de "todas as partes do mundo, que em Roma se concentravam e eram fervorosamente cultuadas".



Assim, é provável, embora não certo, que as autoridades romanas, em cerca de 60 DC, contassem com algumas informações sobre Jesus e os cristãos, que foram posteriormente utilizadas por Tácito.

Significância: Em pelo menos uma ocasião, Tácito se referiu a sorte de um pretendente messiânico, Simão de Peréia, que após a morte de Herodes (4 AC, ou trinta anos antes de Jesus), liderou uma revolta e usurpou o título de Rei, forçando a intervenção do legado romano na Síria, Quintilio Varo (Historias, 5:9:2). Tácito dedica a ele um parágrafo (quase o mesmo espaço dedicado a Jesus). Qual é a fonte das informações de Tácito? Assim como em relação a Jesus, nós não sabemos. Ele pode ter usado Josefo ( Antiguidades Judaicas 17.273-276; Guerras Judaicas 2:57-59) possibilidade que é incerta, como já discutimos, ou usado uma fonte hoje perdida ou arquivos imperiais. Comparando com a menção a Jesus, o que esse caso mostra é que Tácito não precisaria depender de boatos ou de informações que circulassem em sua época para escrever sobre Simão (ou Jesus), e que é bastante plausível que tenha utilizado fontes escritas mais antigas ou arquivos imperiais.

Por fim, independente da fonte das informações (e mesmo as várias inferências sobre essas fontes feitas acima), é grande a significância da referência de Tácito a Jesus e aos cristãos. Tácito escreve 80 anos depois da morte de Jesus, o que implica que não pode ser considerado um "contemporâneo". No entanto, é um espaço de tempo comparável, em nossa perspectiva a eventos como com a crise de 1929, a subida de Vargas ao poder em 1930, a Coluna Prestes ou a morte de Lenin (1924), e relativamente pequeno em termos de história antiga.

Conforme nos dizem Thiessen e Merz::

"Tacito oferece preconceitos difundidos sobre os cristãos juntos com poucos, no entanto bastante precisas, informações sobre Cristo e o movimento cristão, cuja origem não é clara. Ele sabe que:
Cristo é um judeu executado como criminosos na administração de Pilatos
Cristo é o fundador de um novo movimento religioso, originário da Judéia, cujos seguidores são chamados de cristãos, segundo seu nome e eram conhecidos e difundidos em Roma no tempo de Nero
[15]

e John DominicCrossan:
"a testemunha pagã é Cornélio Tácito (...) em lugar da linguagem neutra de Josefo, temos a linguagem intensamente pejorativa de Tácito. Mas, além dessa diferença os dois estão em estrita concordância. havia um movimento na Judéia. Seu fundador foi executado sob Pôncio Pilatos. Mas o movimento ao invés de se interromper alcançou a própria Roma. Nenhum dos autores precisa mencionar a fé cristã na ressureição de Jesus para concordar, um com prudente imparcialidade e outro com zombeteiro desprezo, que o movimento "cristão", longe de ter sido detido por sua execução, chegara a Roma" [16].

E uma avaliação um pouco mais confiante do Professor Stephen Benko (Universidade do Estado da California)
"A despeito do fato que o propósito de Tácito nesta passagem não é o mesmo de Plínio - Tácito não busca lidar com o problema Cristão mas antes ilustrar a depravação de Nero - (...) Claramente, ele tinha familiaridade com os cristãos. Como governador da Ásia ele dificilmente não teria conhecimento das orientações de Trajano, uma vez que sua província tinha tantos, se não mais, cristãos que a de Plínio. Além disso, Tácito estava em Roma em 95, quando a sobrinha do Imperador Domiciano, Domitila, e seu marido, Flávio Clemente foram "acusados de ateismo, uma transgressão pal qual outros, também seduzidos por costumes judaicos, foram condenados, uns a morte, outros ao confisco de suas propriedades". Domitila foi exilada e Clemente executado, embora aceitar costumes judaicos não era um crime, pois o judaismo era uma religião reconhecida. Assim é possível que judaismo aqui signifique cristianismo e que Tacito soubesse da existência de grupos cristãos em Roma antes mesmo de ter ido para a Asia. Ele era um historiador bom demais para não se inteirar da origem do culto. ele até mesmo descobriu que o fundador era um tal "Cristus" executado durante o reinado de Tibério, por ordem de Pôncio Pilatos. [17]

2) Plinio
Thiessen nos dá uma breve descrição do autor:
"C. Plinio Caecilus Secundus era membro da aristocracia romana (senador), advogado, e tinha vários cargos estatais. Sua fama literária deve-se a seu trabalho como escritor de cartas, das quais restou uma coleção de 10 volumes" [18]

Meier, complementa
"(...) proconsul na província da Bitínia (na Ásia Menor) de 111 a 113 A.D, descreve para o Imperador Trajano seu método de lidar com os cristãos que lhe são denunciados [19]


A Bítinia se localizava ao norte da atual Turquia, as margens do Mar Negro.

Plínio descreve as informações que obteve sobre as crenças e práticas dos cristãos, com base em interrogatórios, sob ameaça, de ex-membros do grupo, e através de tortura, de duas diaconisas. Um dos textos relevantes é apresentado abaixo:

É minha prática, meu Senhor, consulta-lo em relação a todas as questões em que tenho dúvidas (...). Eu nunca havia participado de julgamentos de cristãos. Eu conseqüentemente não sei que ofensas é a prática punir ou investigar, e a que extensão (...) "Afirmaram, entretanto, que a soma e a substância de seu falha ou erro era que eles tinham o hábito de reunir num dia fixo, antes de nascer do sol, cantar um cântico a Cristo como seu deus, e se comprometiam sob juramento, não com algum crime, mas a abandonar o furto, o roubo, o adultério, a infidelidade e não se apossar dos bens a eles confiados. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição comum e inocente, sendo que tinham renunciado à esta prática após a publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas. Então julguei necessário arrancar a verdade, por meio da tortura, de duas escravas que eram chamadas diaconisas, mas nada descobri além de uma superstição irracional e sem medida. Por isso, suspendi o inquérito para recorrer ao teu conselho. Pois entendi que o assunto demandava consulta-lo, especialmente por causa do número de envolvidos. Pois muitas pessoas, de todas as idades e condição social, homens e mulheres, estão e estarão em risco, visto que o contágio desta superstição espalhou-se não somente às cidades mas igualmente nas vilas e áreas rurais." [20]

Plínio, inicialmente, diz que nunca esteve em um julgamento de cristãos, e parece não ter detalhes sobre suas crenças e práticas. Primeiro ele interroga alguns ex-membros do grupo, várias vezes, e descobre que eles se reuniam em um dia fixo, juravam não cometer crimes e reunirem para uma refeição "comum e inocente". Não satisfeito com essas informações, Plínio vai além e tortura duas diaconisas para extrair a "verdade", mas ele nada descobre além de uma "superstição irracional e sem medida".

Plínio, não tendo encontrado crime ou ameaça direta ao estado por parte dos cristãos, compartilha essa percepção com o Imperador, que responde:

Observaste o procedimento correto, caro Plinio, lidando com os casos daqueles que foram denunciados a ti como cristãos. Pois não é possível estabelecer uma regra geral para servir de parâmetro. Eles não devem ser perseguidos. Se eles forem denunciados, e for provada a culpa, eles deverão ser punidos, com esta ressalva, qualquer um que negar que é cristão, e provar isso, istoé, adorando os nossos deuses, mesmo que tenha sido suspeito no passado, obterá perdão mediante seu arrependimento. Mas acusações anônimas não devem ser admitidas nos processos. Por isso, além de perigoso, não se coaduna com o espírito de nossa época. (resposta de Trajano) [20]

É interessante que Plinio, reconhecendo seu pouco conhecimento sobre as crenças dos cristãos, não sente a necessidade de dar maiores explicações sobre Cristo ao Imperador, tanto sobre a ligação dele com o movimento, quanto sobre quem (ou o que) ele foi. Da mesma forma, Trajano também não solicita esclarecimentos sobre este novo Deus. O que é evidência de que 5 ou 10 anos antes de Tácito escrever os Anais, e já no início do século II, as classes dirigentes do Império já tinham algum tipo de conhecimento básico sobre o fundador do cristianismo.

Thiessen e Merz avaliam o valor das informações sobre Jesus:
"Não há muito conhecimento direto sobre Cristo em Plínio: ele o considera como o deus do culto dos cristãos, um tipo de anti-divindade diante dos deuses estatais romanos. Ele parece saber que aquele a quem se prestava culto era um homem. Isso é indicado pela fórmula "carmen ... quasi deo dicere", o que permite supor que Plínio vê em Cristo apenas um "quase-deus", justamente porque era um homem [21]

Assim como Robert M Grant, Professor da Universidade de Chicago
Plinio nos conta muito sobre os Cristãos, mas pouco sobre Jesus. (1) Os cristãos, ele diz, costumavam cantar um hino a Cristo como se fosse um Deus. Esta afirmação evidência que Plínio sabia, ou acreditava, que Cristo não era um deus, mas alguém que tinha realmente vivido e morrido como ser humano. [22]

3) Suetônio

Thiessen e Merz, nos dam uma breve descrição do autor:
"C. Suetonius Tranquillus era membro da ordem dos cavaleiros e trabalhou como advogado, até que seu patrono, Plínio Jovem, lhe facilitou o caminho sob Trajano e Adriano. Desse modo, Suetônio tinha acesso a todos os arquivos e conseguiu informações necessárias para redigir sua biografia dos Imperadores (De Vita Caesarum)", [23]

A (provável) menção a Jesus, se dá num contexto de expulsão dos judeus de Roma, determinada pelo Imperador Claúdio, que governou entre 41 DC a 54 DC.

"Como os judeus estavam constantemente causando distúrbios por instigação de Cresto, ele [Claúdio] os expulsou de Roma" [24]

Lucas também menciona essa expulsão, mas não explica os motivos:
E encontrando um judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com eles (Atos 18:2)

Meier comenta:
"É opinião corrente entre os pesquisadores que o Cresto mencionado aqui é na realidade Cristo (Christus, cuja pronúncia na época seria igual a Chrestus). Possivelmente, a fonte usada por Suetônio entendia que Cresto fosse Jesus, enquanto ele próprio tomou o nome como sendo de um escravo ou liberto judeu que provocasse disturbios nas sinagogas romanas durante o reinado de Claudio. Mesmo que seja assim, o texto somente nos fala de judeus cristãos espalhando sua fé por Roma por volta de 40 a 50 DC". [25]

Prof. Edwin Yamaguchi, Miami University, acrescenta:
"Um dos problemas com a declaração de Suetônio e que parece implicar que Chrestus era uma pessoa que estava presente em Roma. A maior parte dos pesquisadores acredita quie Suetônio não compreendeu suas fontes. A maioria dos estudiosos infere que os disturbios entre a comunidade judaica foram causados pela pregação do evangelho por judeus convertidos ao cristianismo. Entretanto, um número crescente de estudiosos aceita o argumento que o Chrestus mencionado em Suetônio era simplesmente um agitador com nome comum e sem associação com o cristianismo" [26]

Como já dito por Thiessen acima, na parte relacionada a Tácito, Cresto (valioso, útil) era também um nome comum de escravo. Cresto e Cristo eram nomes parecidos. Quando Tácito menciona Cresto/Cristo ele o liga ao fundador do cristianismo, morto por Pilatos, na Judéia, no tempo de Tíberio César, o que torna a referência inequívoca. Diferentemente de Suetônio.

Porém como nos dizem Yamaguchi e Meier, a maioria dos pesquisadores acredita que a referência é mesmo a Jesus. O próprio Meier explica as razões:

"Dois argumentos favorecem a referência a Cristo, e não a algum judeu romano chamado Chrestus (1) o bom estilo latino pediria 'quodam" após Chresto, se um personagem novo a até então desconhecido estivesse sendo introduzido na narrativa; (2) Raymond E. Brown observa que "entre as várias centenas de nomes judeus romanos registrados nas catacumbas judaicas e outras fontes, não aparece nenhum Chrestus (Antioch and Rome, 100)" [27]

Professor Rainer Riesner, da Universidade de Tubigen (Alemanha), observa que a expressão latina "Chresto impulsore" exclui a possibilidade de Suetônio estar se referindo, genericamente, a disturbios messiânicos entre os judeus de Roma. A palavra "impulsore" sempre se refere a uma pessoa específica, e Chrestos/Christus seria incompreênsivel num contexto grego-romano como uma designição messiânica. Da mesma forma que J.P. Meier, Riesner levanta o ponto que "Chrestus", embora um nome comum entre escravos, não é atestado entre judeus, tanto em Roma quanto nas províncias. Ainda, se Suetônio se referia a alguém desconhecido na Roma de seu próprio tempo, ele provavelmente teria escrito "Chrestus impulsore quodam/aliquo". [28]

Riesner conclui:
"Do exposto, a conclusão mais óbvia continua sendo que o Chrestus a qual Suetônio se refere é o fundador do grupo dos cristãos, que são mencionados posteriormente (Suetônio, Nero 16:2). Seu contemporâneo Tácito prova que um romano educado no início do Segundo Século poderia ter familiaridade com esses fatos. É inteiramente possível que Suetônio pertencesse ao círculo de Plinio, o Jovem quando esse, durante seu governo na Bitinia, teve de lidar com os cristãos. Que Suetônio pensasse que Chrestus estava em Roma quando ocorreu o tumulto não era, dada a brevidade da menção, tão óbvio como muitas vezes se supõe. A frase também pode ser entendida de uqe o movimento surgido em torno de Cristo (na Palestina) atingira Roma. Infelizmente, Suetônio não fornece maiores explicações sobre as razões do tumulto, embora sua forma de se expressar (tumultuare/i), indica que não foram meras disputas, mas que os incidentes certamente resultaram em tumultos que as autoridades romanas viram como de ordem pública" [29]



Conclusão
Tácito esta informado sobre a morte de Jesus, e de que o cristianismo foi fundado por ele, e a perseguição dos cristãos sob Nero. É bem possível que tenha consultado registros históricos da época de Nero, quando o cristianismo ganhou notoriedade. Isso é reforçado pelo fato de Plínio, escrevendo cinco ou dez anos antes, diz que os cristãos adoravam a Cristo como se ele fosse um Deus (Christo quasi Deo dicere), dando a entender que ele sabia que Cristo era um homem. Reconhecendo seu pouco conhecimento sobre as crenças dos cristãos, não sente a necessidade de dar maiores explicações ao Imperador, sobre quem foi esse indíviduo a quem os cristãos adoravam. Da mesma forma, Trajano também não solicita esclarecimentos sobre Cristo. O que é mais uma evidência de que antes do início do século II, quando Plínio e Tácito escreveram, as classes dirigentes do Império já tinham algum tipo de conhecimento básico sobre o fundador do cristianismo. Ainda, conforme Suetônio, é provável que Cristo já fosse motivo de controvérsia, entre os judeus de Roma, já no tempo de Claúdio, na década de 40 DC.

Referências Bibliográficas
[1] Gerd Thiessen e Annete Merz, O Jesus Histórico, Um Manual, fl. 101-102
[2] Cornélio Tácito, Anais 15:43-44
[3] John Dominic Crossan e Jonathan Reed, Em Busca de Paulo, fl. 360
[4] John. P. Meier, Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico, Volume 1, fls. 95-96
[5] Robert Van Voorst, "Jesus Outside the New Testament", fls. 42-44. Van Voorst observa que, ao utilizar Christus, Tacito estaria corrigindo o popular Chrestus, pelo qual o fundador do nome era conhecido.
[5a] Ronald H Martim (1981), "Tacitus", fls. 182-183; L. Wankenne (1974), "Néron et la persécution des Chrétiens d'après Tacite, Annales, XV, 44. II. Commentaire historique" Humanités Chrétiennes, t. 17, 1974, 280-302, reproduzido em Folia Electronica Classica (Louvain-la-Neuve) - Numéro 2 - juillet- décembre http://bcs.fltr.ucl.ac.be/FE/02/TacitWank.html; G.E.M. de Ste Croix, "Why Were the First Christians Persecuted", In Moses I Finley (Ed.) Studies in Ancient Societies (1974), fls. 210-249 (especialmente fl. 212-213); AN Sherwin White, "Why Were the First Christians Persecuted? An amendment" In Moses I Finley (Ed.) Studies ...., fl. 250-255 (fl. 251); Graeme W Clarke (1996) The Origins and Spread of Christianity In Alan K. Bowman,Edward Champlin,Andrew Lintott (Ed.), "The Cambridge Ancient History, X, The Augustan Empire 43 B.C. - 69 AD", fls. 848-871 (especificamente fls. 869-870).

[6] John P Meier, Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico, Volume 1, fl. 106, nota 8
[7] Gerd Thiessen e Anette Merz, O Jesus Histórico, Um Manual, fl. 102, nota 57
[8] Tertuliano, Apologia 3.5
[9] F. F. Bruce, Merece Confiança o Novo Testamento, fl. 152
[10] John P.Meier, Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico, fl. 106, nota 8
[11] Stephen Carlson, "Josephus, Tacitus, and other Roman Authors" Mensagem eletrônica na lista acadêmica de discussão Crosstalk: Historical Jesus and Christian Origins List, de 13.11.2004 http://groups.yahoo.com/group/crosstalk2/message/17129Crosstalk
[12] Warren Carter, Matthew and the Empire, fl. 215

[12a] Steve Mason (2008), Flavius Josephus, translation and commentary, volume 1b, Judean War 2, fl. 81, nota 724. Disponivel também online http://pace.mcmaster.ca/york/york/showText?book=2&chapter=7&textChunk=nieseSection&chunkId=114&text=wars&version=english&direction=up&tab=&layout=split&up.x=11&up.y=4, acessado em 01.07.2011; Em relação a Procuradores/Prefeitos Mason cita Barbara Levick (2001), Claudius, fls. 48-49; A Inscrição é transcrita em Barabara Levick (1985) "A Governement of Roman Empire, A Sourcebook'", fl. 43, "O Conselho e o povo honram a Tito Valerio Proculo, Procurador de Druso César, que destruiu os navios dos piratas do Helesponto, e manteve a cidade livre de qualquer opressão"; Na mesma página Levick comenta: "Próculo realizou estes serviços em Ilium entre os anos 17-20, quando Druso, o filho do Imperador, estava governando os Balcãs. A condição pacífica das provincias não era resultado apenas do controle de ameças militares externas. Fazia parte das atribuições do exército, e a parte mais importante do cargo de Governador, o policiamento das aréas já provincializadas.

[13] John P Meier, Um Judeu Marginal, Volume 1, fl. 107, notas 12-13
[14] Peter Kirby, "Tacitus" http://www.earlychristianwritings.com/tacitus.html , acessado em 13.05.2008
[15] Gerd Thiessen e Anette Merz, O Jesus Histórico, Um Manual, fl. 102-103
[16] John Dominic Crossan, "Jesus, Uma Biografia Revolucionária", fl. 172
[17] Stephen Benko, Pagan Rome and Early Christian, fl. 15-16
[18] Gerd Thiessen e Annete Merz, O Jesus Histórico, Um Manual, fl. 99
[19] John P. Meier, Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico, Volume 1, fl. 98
[20] Plínio, O Moço, Cartas volume 10, cartas 96 e 97
[21] Gerd Thiessen e Annete Merz, O Jesus Histórico, Um Manual, fl. 101
[22] Robert M Grant, A Historical Introduction to the New Testament, capítulo 19 http://www.religion-online.org/showchapter.asp?title=1116&C=1239
[23] Gerd Thiessen e Annete Merz, O Jesus Histórico, Um Manual, fl. 103
[24] Suetônio, A Vida dos Doze Cézares, De Vita Claudio, 25:4
[25] John. P. Meier, Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico, Volume 1, fl. 97-98
[26] Edwin Yamaguchi, Jesus Outside the New Testament: What is the Evidence, in Wilkins & Moreland; Jesus Under Fire, fls. 215
[27] John. P. Meier, Um Judeu Marginal, Repensando o Jesus Histórico, Vol. 1, fl. 100, nota 16
[28] Rainer Riesner e Doug Stott, Paul's Early Period: Chronology, Mission Strategy, Theology, fls 162-165
[29] Rainer Riesner e Doug Stott, Paul's Early Period: Chronology, Mission Strategy, Theology, fl 166

6 comentários:

Rodrigo Ribeiro disse...

Há um pequeno erro no artigo: a variação encontrada num dos manuscritos de Tácito é apenas no nome Chrestianos/Christianos, nunca em Christo.

Nehemias disse...

Oi Rodrigo,

Já vi o erro, que furo...

Ja fiz a correção do artigo.

Muito obrigado,

Nehemias (NM)

Rodrigo Ribeiro disse...

Notei outro dado que pode indicar que Tácito pesquisou fundo as informações acerca dos cristãos: ele diz que o povo chamava os seguidores de Cristo de cri(e)stãos, não que eles se chamavam assim. Ora, realmente inicialmente cristãos era um termo utilizado somente por pessoas fora do movimento, e assim era no tempo da perseguição Neroniana; mas no tempo de Tácito, os cristãos já se chamavam dessa forma. Assim, Tácito estaria dando uma informação historicamente correta, ao invés de cair num anacronismo que seria inevitável caso sua única fonte fossem os cristãos de seu tempo.

Nehemias disse...

Rodrigo,

A sua idéia é promissora. De fato, a unica menção do termo cristão no Novo Testamento esta em Atos 11:26, que diz que, em Antioquia, os díscipolos foram chamados de cristãos.

Fora do NT, eu não me lembro de algum texto cristão do sec. I, em que a pessoa se identifica como cristão (Clemente, Evangelho de Tomé, Evangelho de Pedro...). Se eu não me engano, o primeiro escritor cristão a identificar o movimento como tal foi Inácio de Antioquia, já no início do séc. II (e mesmo assim ele fala cristianismo).

É claro, existe também o contra argumento, se por tanto tempo o povo chamava os seguidores de cristo de cristãos, seria razoável supor que em algum momento, antes do fim do século I, os cristãos utilizassem essa designação.

Eu acho que se a gente soma o que você falou, com o fato que Tácito dedica menos de uma linha a Jesus Cristo, o fundador do nome, nada fala das crenças dos cristãos, e usa quase todo o parágrafo descrevendo as crueldades de Nero, indica fortemente que a fonte de Tácito não é cristã, (ou se ele tinha fontes cristãs pouco as utilizou) mas sim algum documento ou relato contemporâneo ou quase contemporâneo de Nero. Nero com certeza sabia algo sobre o cristianismo, pois perseguiu o movimento, cristãos foram torturados e interrogados, fora a curiosidade pública, afinal os caras foram acusados de por fogo em Roma (algo como um 11 de Setembro da antiguidade). Então, na minha opinião, havia fontes ñão cristãs sobre Cristo e os cristãos, acessíveis a Tácito, que datam de 60 - 70 DC.

Abs,

Nehemias

jack hazut disse...

My name is jack hazut my website is www.israelimage.net you have been using my photo without my permission please contact me today jackhazut@yahoo.com

Nehemias disse...


Mr Hazut,
Hi,
In this post, i used images/photos taken from Wikipedia Commons, in cases that was said that they were in public domain, in order to prevent copyrights violations. I have used this policy in all my posts in this blog.
However, I may have commited a mistake. If so, i will change the blogpost accordingly.
Please, could you point the photo in question?

Nehemias

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