sábado, 24 de novembro de 2012

O que aconteceu com os doze apóstolos? Será que Filipe foi enterrado em Hierapólis? Parte 2

Continuando, (após longo tempo), nossa série sobre os doze apóstolos de Jesus, vamos ao segundo post sobre  a possível descoberta do Túmulo do Apóstolo Filipe na cidade Hierápolis (ou Pamukale, atual Turquia), pela equipe do Professor Francesco D'Andria, da Universidade de Salento, e Diretor da Missão Arqueológica Italiana em Hierápolis. A missão excava o local desde 1957, e reune pesquisadores de 14 universidades e centros de pesquisa.


Ruínas do periodo romano em Hierápolis (Pamukale), foto via wikipedia



Como dito anteriomente, o caso de Filipe é muito interessante para avaliar a possibilidade de análise histórica das tradições associadas aos doze apóstolos após a crucificação de Jesus, a despeito do forte conteudo lendário e da sua aparição relativamente tardia no registro histórico, exemplificando muito bem o tipo de material  disponível para a maior parte dos apóstolos. Como já dissemos antes, boas análises do assunto estão disponiveis nos livros dos professores  John P Meier (Um Judeu Marginal, Volume 3, Livro I, fls. 210-296, Ed. Imago) e Geza Vermes (Quem é Quem na Época de Jesus, Editora Record).


Fontes Arqueológicas e Textuais e Tradições sobre Filipe e Hierápolis:

Como já visto no post anterior, o mais extenso relato sobre a possível atuação de Filipe, e seu martírio, é o livro de Atos de Filipe. No entanto, uma série de dificuldades cercam o texto: i) Foi composto por volta do século IV-V DC (embora  conserve tradições anteriores) ii) Atos de Filipe, como vários outros Atos apócrifos, pertence ao gênero de novela histórica, cujo o principal objetivo é edificar e entreter, não relatar a história.

No entanto, vimos também que: i) Embora o texto seja tardio, estudiosos como o Professor François Bovon [1] tem apontado que foi construído a partir de vários cíclos narrativos, alguns muito anteriores a compilação do texto no século IV ou V. ii) Como observa o Professor James McGrath em relação aos Atos de Tomé, ainda que seja um relato altamente romanceado e tardio, existe uma possibilidade razoável que se baseie em um núcleo autêntico, a atuação do apóstolo do Tomé na India em meados do sec .I, existindo a possibilidade de avaliar a historicidade de certos elementos após cuidadosa e meticulosa análise. Tal processo, entendemos, pode ser usado para os Atos de Filipe,  em face a existência de elementos conexos as notícias mais antigas da tradição, dos autores do século II, dos evangelhos e de Atos (final do século I), candidatos a possibilidade de historicidade.      

De forma "arqueológica", vamos começar das camadas mais recentes em direção as mais antigas:

Inscrição do Arquidiácono Eugênio (sec V): Professor William Tabernee, do Phillips Theological Seminary (Oklahoma), apresenta a inscrição funerária publicada por Charles R. Cockerell, no inicio do século XIX, em Hierápolis

Eugênio, o menor, arquidiácono, e responsável pelo [martirium?] do santo e glorioso apostolo e teólogo Filipe" [3]
O testemunho de Eugênio demonstra que, mais ou menos na época em que os Atos de Filipe foram concluidos, existia a crença, consolidada, de que o apóstolo e teólogo havia sido enterrado ali. Eugênio havia dedicado sua vida como Guardião do Sepulcro do apóstolo. Obviamente, é uma atestação extremamente tardia, mais de 300 anos após a morte de Filipe, do que as pessoas acreditavam. É util apenas para confirmar que, no mínimo, a associação de Filipe com Hierapolis já estava firmemente estabelecida anteriormente ao advento dos Atos de Filipe.

(Pseudo?) Hipólito (200 -400 DC):  O tratado dos "Doze Apóstolos de Cristo", são apresentadas tradições relativas ao destino dos doze após a morte e ressureição de Jesus.  Sobre Filipe o texto nos informa:
"Filipe pregou na Frígia, e foi crucificado, de cabeça para baixo em Hierápolis, no tempo de Domiciano, e foi enterrado lá". (Pseudo Hipolito, Dos Doze Apóstolos, v 6)
O livro é algumas vezes atribuido ao mestre cristão romano e bispo Hipolito de Roma (170-235 DC), o que, se verdadeiro, seria relevante, pois consolidaria tradições correntes a cerca de três a cinco gerações das figuras envolvidas. No entanto, a autoria de Hipolito é geralmente descartada pelo fato de Jerônimo (347-420 DC), ao listar os livros escritos por Hipolito não o mencionar o tratado, assim como uma inscrição contemporânea encontrada junto a uma estátua dedicada aquele mestre, excavada em 1551 [4]. No entanto, como também observa o Professor James R Edward, da Whitworth University, Jerônimo indica estar a par da existência do livro, pois o título exato do trabalho (De duodecim apostolis) é mencionado em conexão ao apóstolo Bartolomeu (Viris Illustribus 36:2), assim como a tradição de que aquele apóstolo pregou na India, e levou aquele país o Evangelho de Mateus  [4]. Se Edwards estiver correto, independente da autoria de Hipolito, estabeleceria uma datação entre o inicio do século III (quando Hipólito viveu) e o final do século IV (quando Jerônimo escreve). Em todo caso, "os doze apóstolos"   já é comumente datado nos séculos III e IV [5]. Desta forma, o tratado é forte evidência de que a crença na execução de Filipe em Hierápolis, bem como seu sepultamento já estava estabelecida no século IV ou antes.
  
Eusébio de Cesaréia (século IV): Eusébio Pamphili (263-339 DC), Bispo de Cesaréia, foi imortalizado pelos livros que escreveu, a biografia do Imperador Constantino "Vita Constatine", suas Crônicas (Historia Universal), bem como textos de conteudo apologético, como "Contra Hierocles", "Preparação Evangélica" e "Teofânia".



Mas, sem dúvida, seu mais relevante escrito é a História Eclesiastica, ou História da Igreja, e conta a história do cristianismo de seu surgimento até o ano 305. Seu trabalho teve repercussão monumental nas gerações seguintes, tendo sido traduzido já na Antiguidade para o Latim por Rufino de Aquiléia, que também extendeu o texto até a morte de Teodósio I (395 DC).  A obra de Eusébio foi também continuada por outras Histórias da Igreja, como a de  Socrátes de Constantinopla (ou Socrates Escolástico), que cobriu o período de 305 ao ano 439 DC, e a de Salminius Sozomenus (Sozomen), referente aos anos de 312 a 425 DC. Estes por sua vez, tiveram sucessores em narrativas locais como a Historia ecclesiastica gentis Anglorum, escrita pelo Venerável Beda no ano 731, para o cristianismo nas ilhas britânicas, ou a História Eclesiástica de Evagrio Escolástico, para o Império Bizantino, no período do Concílio de Éfeso (431 DC) até o ano 593.

Entre os aspectos mais importantes do trabalho de Eusébio, está a citação e referência a muitos outros documentos cristãos que não chegaram até nós, e que só são conhecidos por que ele os mencionou, dentre os quais algumas das fontes para Filipe e suas filhas.

No entanto, por não termos acesso direto a essas fontes, mas apenas as citações de Eusébio, cabe fazer algumas considerações sobre a confiabilidade e vieses do Bispo de Cesáreia. Como observa, Alice Whealey, alguns críticos chegaram a acusar Eusébio de fabricar uma história falsificada e  forjar documentos e editos imperiais [6], acusação que se demonstrou prejudicada quando uma cópia de um documento transcrito na "Vida de Constantino" II:24-42 foi encontrada em um papiro egípcio do início do século IV, assim como a autenticidade de um documento oficial citado por Eusébio em História Eclesiástica IX: 7:3-14 foi provada por uma inscrição contemporânea encontrada na Ásia Menor [6]. Como observa a Professora Averil Cameron, da Universidade de Oxford, em sua tradução da Vida de Constantino (VC) [7]:


"While interpreters from Burckhardt onwards who denied that Constantine was a religious Christian regarded many of the documents as inauthentic, it is now more usual to accept the letters as mostly or entirely genuine (Baynes, Lietzmann, Jones, Barnes). (...) Finally, the authenticity of one of the most hotly contested documents, the letter at II. 24-42, has been remarkably confirmed by the discovery of part of the text in an official papyrus contemporary with or earlier than the writing of the VC"                     (traduçãoAinda que desde Burckhardt, estudiosos tenham negado que Constantino era um cristão fervoroso, e considerado muitos dos documentos como falsificados, hoje é mais comum aceitar as cartas como basicamente ou inteiramente genuinas (Baynes, Lietzmann, Jones, Barnes). (...) Finalmente, a autenticidade de um dos documentos mais intensamente contestados foi demostrada de forma dramatica na descoberta de partes do texto em um papiro oficial datado anteriormente ou da mesma época da VC.    [7]

Assim, caros leitores do adcummulus, a prova incontestável da autenticidade de um dos documentos  mais polêmicos citados por Eusébio em relação a Constantino deve nos prevenir quanto a acusações encontradas em alguns estudiosos mais antigos e na internet de que Eusébio era um falsário sem escrúpulos. Tal abordagem está claramente "fora de moda". No entanto, Eusébio tem vieses, é seletivo, e seus intenções são claras, e, portanto, seu trabalho deve ser lido com espírito crítico. Como afirma o Professor Timothy D Barnes, da Universidade de Edinburgo, História Ecesiástica será sempre uma fonte indispensável para historiadores do cristianismo primitivo e do Império Romano, no entanto suas limitações e interesses como autor também devem ser considerados [8]. Barnes observa que, quando possível, a comparação de Historia com os documentos e autores citados revela graves deficiências, Eusébio frequentemente parafraseia, reescreve, omite, expande, altera a ênfase do original, relata incorretamente ao parafrasear de memória [8]. Em suma, pode não ser prudente aceitar Eusêbio como relatando precisamente o teor de uma fonte perdida, "existe o perigo, assim, de que o evidente cuidado e honestidade de sua erudição sejam assumidos como garantia da acurácia de seus resultados"[8].


Desta forma, talvez seja prudente aplicar para Eusébio um princípio, assemelhado ao critério do constrangimento, utilizado pelo Professor Martin Goodman, de Oxford, para as obras de Flávio Josefo: "Aceitar as avaliações frequentemente tendenciosas de Josefo sobre os motivos e caráter dos judeus e romanos cujas ações são descritas em sua narrativa seria imprudente, mas aceitar os detalhes de sua narrativa, particularmente quando eles contradizem sua própria explicação dos eventos, e assim foram incorporados a seu relato simplesmente porque realmente aconteceram, é razoavel [9]". Trocando Josefo por Eusébio, adaptamos um excelente princípio de trabalho.



Proclus e Caio (Início do III Século) citados por Eusébio: Caio, presbitero da Igreja Roma, escreveu uma refutação da heresia montanista, dirigida a um certo Proclus, que era um de seus líderes. O texto tem o título "Diálogo ou Disputa contra Proclus", e foi escrito quando Zeferino era Bispo de Roma (199-217 DC). Eusébio introduz o Diálogo da seguinte forma:

Isto [o mártirio de Pedro e Paulo em Roma] é confirmado por Caio, um membro da Igreja, nos tempos de Zeferino, Bispo de Roma. Ele, ao publicar uma disputa com Proclus, o líder da heresia frígia, afirma o seguinte em relação aos lugares em corpos dos santos apóstolos já referidos descansam:

7. “Posso mostrar-te os troféus dos apóstolos [Pedro e Paulo]. Se quiseres dirigir-te ao Vaticano ou à Via de Óstia, encontrarás os troféus daqueles que fundaram esta Igreja". (HE II:25]
Caio utiliza a tradição, já consolidada no século II (e provavelmente correta),  de que Pedro e Paulo pregaram em Roma e foram martirizados lá, para fundamentar sua autoridade e correção de ensino.


Eusébio. porém, relata que Proclus também reinvindicava o aúxilio dos apóstolos:
(...)E, nos Diálogos de Caio que mencionamos pouco acima, Proclus, contra quem ele direcionou seu argumento, em concordância do que já citamos, assim fala no que concerne a morte de Filipe e suas filhas: Após isso, haviam quatro profetizas, as filhas de Filipe, em Hierapólis da Asia. Seus sepulcros estão lá, assim como o de seu Pai [HE III:28]

Por volta de 170 DC,  em Ardabau, na Frígia,  um ex-sacerdote pagão recem convertido a fé cristã, chamado Montano, e as profetizas  Maximila e Priscila, iniciaram um movimento  chamado "Nova Profecia",  ou Montanismo, que enfatizam a renovação da fé cristã por meio de revelações recebidas do Espirito Santo, bem como por práticas como ascetismo, celibato, penitência e martírio, além de crerem na iminente vinda do Reino dos Céus, com estabelecimento da Nova Jerusalém na cidade de Pepuza, também na Frigia [8]. Em pouco tempo, o montanismo se espalhou por toda Frígia e Asia Menor, chegando a Roma, Cartago, Alexandria e todo o Império. Um dos grandes desafios trazidos pelo Montanismo, foi como  reagir a ele. 

O Montanismo não implicava em questionamento dos principios fundamentais do cristianismo, e seu rigor e fervor atraiam a muitos. Logo, conseguiram um aliado de peso, Tertuliano de Cartago. Em sua obra, Contra Praxeas, Tertuliano elogia o Bispo de Roma por ter reconhecido os dons proféticos de Montano, Priscila e Maximila, e até mesmo enviado saudações as igrejas da Asia e Frígia, lamentando, porém, que, sob supostas falsas acusações, a sé romana tenha mudado de idéia (Tertuliano, Contra Praxeas, capitulo 10). A grande popularidade do movimento montanistas entre os cristãos na Frígia e Asia Menor, e em cidades como Hierápolis, é atestada por um razoável número de inscrições dos séculos III ao V [10]. Embora o Montanismo tenha sido condenado como herético pela Igreja, perdurou até o século VI, pelo menos.     

A Tumba de Filipe e suas filhas profetizas em Hierápolis, fortalecia as pretensões montanistas. Como observa William Tabernee, os sepulcros de tão veneráveis figuras naquele centro montanista foram utilizados para reinvidicar uma "linhagem profética" em que os profetas montanistas são sucessores das filhas  de Filipe, e do próprio apóstolo, legitimando o movimento. Resta a Caio apelar aos sepulcros de Pedro e Paulo em Roma, em um movimento "os nossos troféus são melhores do que o seu", como ironiza Tabernee [10]. Mesmo assim, os montanistas ainda podiam reinvindicar suporte da doutrina de sucessão apostólica, muito cara aos proto-ortodoxos. O fato de não haver contestação da presença do apóstolo e de suas filhas em Hierápolis, que fortalecia os montanistas em uma época em que ainda eram uma ameaça, indica que tanto Eusébio, quanto Caio, e o restante da Igreja, reconhecia o local como sepuclo de Filipe e sua família desde, pelo menos, o final do sec. II.


Filipe Apóstolo, Icône da Russia Central, sec. XIX, Wikipedia 

Policrates de Éfeso (final do século II):
Por  volta do ano 196 DC, o Bispo Policrates de Eféso, liderando um sínodo de bispos da Asia Menor e adjacências escreveu uma carta ao Bispo de Roma, Vitor, em uma controvérsia sobre a data em que devia ser observada a Páscoa. Na Asia, o costume era observar o 14° dia do mês de Nisã (dai, quartodecimianismo), retendo a tradição judaica, implicando que a Pascoa não teria um dia da semana fixo. Em Roma, porém, a Páscoa era celebrada sempre no domingo, uma vez que este fora o dia em que Jesus ressuscitou. A discussão foi ferrenha e quase levou a um cisma,e só foi resolvida no Concílio de Nicéia. A intensidade da disputa é evidenciada pela carta de Policrates.

  Nós observamos o dia exato, sem adicionar ou retirar. Pois na Asia grandes luminares descansam, e que ressuscitaram no dia do Senhor, quando  vier de sua glória no Céu para buscar os seus santos. Entre eles esta Filipe, um dos doze apóstolos, que descansa em Hierápolis, e duas de suas filhas  virgens e idosas, e outra filha, que viveu no Espírito Santo e que agora repousa em Éfeso.; e, mais ainda, João, que foi testemunha e mestre, e que se reclinou no peito do Senhor, e, sendo sacerdote, vestiu o manto. Ele repousa em Efeso. E Policarpo de Esmirna, bispo e martir; e Traséas, bispo e mártir de Eumênia, que dorme no Senhor em Esmirna. Porque deveria mencionar o Bispo Sagaris, que repousa em Laodicéia, ou abençoado Papirio, ou Melito de Sardes, que também viviam no Santo Espírito, e que repousam em Sardes, esperando o episcopado celestial, quando se levantarão dos mortos? Todos eles observaram a páscoa no décimo quarto dia conforme o evangelho, sem desviar em nada, mas seguindo a fé. E eu também, Policrates, o menor de todos, faço segundo a tradição que recebi de meus parentes, alguns dos quais alguns dos quais eu segui muito de perto. Pois sete deles foram bispos e eu sou o oitavo. E meus parentes sempre observaram o dia que as pessoas separavam o fermento. Eu, portanto, irmãos, que vivi sessenta e cinco anos no Senhor e encontrei com irmãos em todo o mundo, e que já li todas as escrituras, não me assusto facilmente com palavras terríveis. Pois os que são maiores que eu disseram 'Nós devemos obedecer a Deus ao invés dos homens...' Eu poderia mencionar bispos que estavam presentes, que eu mesmo convoquei a seu pedido, cujos nomes eu deveria escrever e que certamente seriam uma multidão. E eles, admirando minha pequeneza, consentiram com esta carta, sabendo que eu não porto esses cabelos brancos em vão e sempre governei minha vida pelo Senhor Jesus.
A controvérsia quartodeciminianista teve um caráter diferenciado de outras a qual a Igreja estava acostumada por se tratar de uma divergência em que ambos os lados contavam com excelentes credenciais do ponto de vista proto-ortodoxo. 

Como observa o Professor Michel Ives Perrin, da Universidade de Rouen (França), a estrutura episcopal e a crença na sucessão apóstolica logo se tornaram elementos basilares na identidade da Igreja nascente:


"(...)Essa nova constituição episcopal permitiu dar uma visibilidade maior ao caráter apostólico que as comunidades da "Grande Igreja" reinvindicavam (tanto quanto seus adversários, alías). De fato, desde Paulo, e de maneira cada vez mais acentuada no correr das décadas, a investidura apostólica direta ou indireta, aparece como requisito sine quae non de toda a autoridade das igrejas.
Perrin, discorre sobre o desenvolvimento da doutrina da sucessão apóstolica, ao longo do século II
Na virada do século I, a Carta da Igreja de Roma á Igreja de Corinto (42:1-4 e 44:2) orquestra todos os harmônicos desse tema "Os apóstolos receberam por nós a Boa Nova pelo Senhor Jesus Cristo: Jesus, o Cristo, foi enviado por Deus. Logo, Cristo vêm de Deus, os Apóstolos vêm de Cristo: as duas coisas saíram em boa ordem da vontade de Deus. Eles receberam instruções e, cheios de certeza pela ressureição de Nosso Senhor, fortalecidos pela Palavra de Deus, com a plena certeza do Espírito santo, partiram para anunciar a boa nova do Reino de Deus iria vir [...] tendo recebido um conhecido perfeito do futuro, eles instituiram [bispos e diáconos] e estabeleceram então como regra que, depois da morte desses últimos, outros homens provados os sucederiam em seu ofício". Os bispos da "Grande Igreja" reinvindicavam ser depositários e interpretes legitimos e exclusivos, ante todos os dissidentes, dessa tradição confiada aos apóstolos e seus sucessores: desde o terceiro quartel do século II "sucessões de verdade" são elaboradas por Roma e Corinto e opostos as "sucessões do erro dos mestres gnósticos. È assim que nascem as listas episcopais , que projetam de modo anacrônico, no passado mais remoto das comunidades, a organização monoespiscopal . Na virada do século II, Tertuliano pode exclamar: "Mostrem as origens das suas Igrejas, exibam a séris de seus ispos, sucedendo-se desde a origem, de tal modo que o primeiro bispo tenha como avalista e predecessor um dos apóstolos ou um dos homens apostólicos que ficaram até o fim em comunhão com os apóstolos. Porque assim que as igrejas apostólicas apresentam seus frutos (das Prescrições dos Heréticos, 36:1). A ausência de uma estrutura episcopal dos grupos dissidentes podia constituir desse ponto de vista uma fraqueza nas controvérsias entre os cristãos. [ 11]

 Levando, em conta as considerações de Perrin, e a carta do Bispo  Policrates, podemos ter idéia da seriedade da crise causada pela controvérsia. Em Éfeso, o apóstolo Paulo pregara, e João, o díscipulo amado, havia passado seus últimos dias. Obviamente, advertimos os leitores do adcummulus de que as igrejas tendiam a ser "muito criativas" com as tradições relativas  aos apóstolos e seus associados, para fundamentar reinvindicações de autoridade. Por outro lado, existem indicações de que pelo menos alguns apóstolos empreenderam ampla atividade missionária, em inúmeras localidades, como atestado em escritos da segunda metade do século I,  como as cartas paulinas e os Atos dos Apóstolos, então tais reinvindicações, quando tem o suporte das fontes mais antigas e atestadas em múltiplas fontes, devem ser analisadas com seriedade.

Assim, Policrates, de Éfeso, menciona várias figuras, como Policarpo de Esmirna e Melito de Sardes, que assim como o apóstolo João são atestadas em outras fontes muito antigas como vinculados a Asia Menor [12], o que dá certa credibilidade a suas afirmações. Policrates é cuidadoso também em afirmar que Filipe, e duas de suas filhas, tinham sido sepultados em Hierapólis. Concordando, nesse ponto, com o que sabemos através do herege Proclus. Ele acrescenta, porém, que outra filha de Filipe morreu em Éfeso.  Uma vez que parte da família estava em Éfeso, ele poderia ter dito que o apóstolo também, se houvesse a intenção de iludir.

Eusébio relata que Roma respondeu de forma agressiva. O Bispo Vitor determinou a excomunhão de Policrates, dos demais bispos da Ásia, e de suas congregações. A decisão caiu como uma bomba no seio da Igreja. Muitos bispos pediram a Vitor que reconsiderasse, e outros o repreenderam violentamente. Até mesmo Irineu de Lion teve que fazer uma intervenção, que foi decisiva [13]. Eusébio acrescenta que a crise amainou com o restabelecimento das relações entre as igrejas da Ásia e de Roma, e também com atuação dos Bispos de Tiro e Ptolemaica, que escreveram um tratado sobre a observância da páscoa, que concordava com sínodos anteriores realizados na Palestina (sob a presidência dos bispos de Jerusalém e Cesaréia), em Roma, (liderado pelo Bispo Vitor), Ponto (presidido pelo bispo mais antigo daquela região, de nome Palmas), Gália (sob o comando de Irineu), e Edessa (Osroene), bem como uma carta pessoal do Bispo de Corinto, todas elas discordantes da posição dos bispos da Asia [13].

O quadro relatado por Eusébio é edificante. No entanto, há razões para duvidar de que a controvérsia se resolveu de forma tão tranquila. Em "Vida de Constantino", Eusébio relata que a questão ainda  foi discutida, e resolvida, no Concílio de Nicéia, realizado quase 150 anos depois, em 325 DC [14]. De tudo isso, uma interpretação que consideramos plausível é que o costume da Asia Menor era realmente minoritário, e que Vitor utilizou o fato de ser parte da visão majoritária, para "enquadrar" os bispos da Asia, e aumentar sua autoridade. Infelizmente, para Roma, o tiro saiu pela culatra, e seriam necessários mais de 100 anos para a questão ser resolvida. Talvez tenha faltado a Vitor a habilidade  e sensibilidade de seu predecessor Aniceto (150-161 DC), que recebendo o bispo Policarpo de Esmirna, manteve um debate firme, mas não tendo nenhum dos lados convencido o outro, evitaram fomentar controvérsias. Aniceto, inclusive, pediu que Policarpo celebrasse a Eucaristia durante a sua visita [15].

A controvérsia da Páscoa foi constrangedora para Eusébio e outros cronistas, principalmente pela dificuldade em explica-la em vista da Doutrina da Sucessão Apostólica. Como alguém que teria sido ouvinte do Apóstolo João, como Policarpo, poderia discordar de algo como a data da páscoa do Bispo Aniceto, que reinvindicava a sucessão de Pedro e Paulo? Outra História Eclesiastica, a de Sozomen, discutindo a mesma questão, afirma que, já que não era possível chegar a um acordo, o melhor era manter a unidade e  os costumes recebidos dos apóstolos por cada Igreja [15]. A única forma de resolver tal constrangimento seria negar as tradições, o que não parece possível para esses autores antigos. Alguém como Policrates, pode reinvindicar a presença dos túmulos de João em seu "quintal", assim como o de Filipe e suas filhas, na vizinha Hierápolis, e isso parece ser incontroverso. O montanista Proclus pode reinvidicar a autoridade de Filipe e suas filhas, e seu oponente ortodoxo não contesta o fato.

Desta forma, a existência de uma de Tumba de Filipe e suas filhas era um fato estabelecido no final do século II, e provavelmente bem antes, em face do testemunho de Policrates (já com 65 anos e oitavo em sua família a ser bispo). Além disso, como observam tanto pelo Professor Martin Hengel, da Universidade de Tubingen [16] como Dennis MacDonald, da Claremont School of Theology [17], o fato de uma das filhas de Filipe viver em Éfeso, indica que era casada, ao contrário de suas duas irmãs de Hierapólis.  Como observa o Professor MacDonald, Clemente de Alexandria (150 - 215 DC) recorda a tradição que pelo menos duas das irmãs eram casadas pois "(...) Pedro e Filipe tiveram filhos, e Filipe deu suas filhas em casamento" (Stromata. Livro 3, VI, §52), o que pode ser reconciliado com Policrates e com Atos dos Apóstolos, já que Filipe tinha quatro filhas, das quais duas morreram solteiras, e foram sepultadas com o pai, indicando que as outras duas eram casadas, uma das quais foi sepultada em Éfeso [17]. MacDonald observa também que esses testemunhos sobre as filhas de Filipe, embora sejam discordantes em alguns pontos, concordam entre si que elas foram viver na Ásia, em Hierápolis e Efeso em particular, e que pelo menos duas não se casaram [17]. Essas fontes indicam também (quando não afirmam diretamente) que Filipe em questão era um dos doze [17]

Papias de Hierápolis (100-135 DC):

Martirium de Hierápolis, imagem via wikipedia
       Papias, era o bispo da cidade de Hierápolis, e segundo Irineu de Lion, foi amigo de Policarpo de Esmirna e díscipulo de João [18]. No ínicio do seculo II, em algum momento entre os reinados de Trajano (98-117 DC) e Adriano (117-138 DC), ele escreveu um livro chamado "Exposição dos Oráculos do Senhor", composto em cinco volumes. A obra de Papias não sobreviveu, mas temos acesso a alguns fragmentos, citados em autores posteriores como o próprio Irineu, Eusébio de Cesaréia, Jerônimo, Apolinário de Laodicéia, e Filipe de Side. Uma coleção desses fragmentos pode ser consultada no excelente site Text Excavation, de Ben C. Smith.

"Essas coisas Papias, o díscipulo de João, que foi companheiro de Policarpo, um homem dos tempos antigos, testificou ao ter escrito o quarto de seus livros, pois cinco livros foram escritos por ele" [19]


"Não hesitarei em acrescentar às minhas explicações aquilo que outrora ouvi muito bem dos presbíteros, cuja lembrança guardei muito bem, estando seguro de sua verdade. Realmente, não me comprazia - como faz a maioria - com os que falam muito, mas com os que ensinam a verdade. Também não me comprazia com os que recordam mandamentos alheios, mas com os que recordam os mandamentos dados pelos Senhor à fé, nascidos da própria verdade. Se, por acaso, acontecia de chegar algum dos que tinham seguido os presbíteros, eu me informava sobre a palavra dos presbíteros, isto é, o que tinham dito André, Pedro, Filipe, Tomé, Tiago, João, Mateus ou outro discípulo do Senhor. E também o que falam Aristão e João, o presbítero, discípulos do Senhor. Eu não achava que as coisas conhecidas pelos livros pudessem me auxiliar tanto quanto as coisas ouvidas através da palavra viva e permanente" [19]

A preferência pela tradição oral, pela "palavra viva e permanente" remete a um tempo intermediário, ligando a era dos apóstolos e seus associados diretos (alguns dos quais podem ter vivido até o final do século I), com os pais da igreja e apologistas, como Irineu, Melito de Sardes e Justino, que se tornam proeminentes em meados do século II. Uma ligação com o tempo apostólico, que tanto Papias, quanto Policarpo, tinham em comum, é que teriam sido ouvintes de João, o Presbítero. Desde a antiguidade se discute se essa figura era o Apóstolo João (que, nesse caso, teria  vivido até os 90 anos, e morrido em Éfeso por volta do ano 100), ou um outro João, o Ancião (que seria o autor das cartas de 2ª e 3ª João, no Novo Testamento).  Tanto Eusébio, como Jerônimo, observam o fato de que duas tumbas dedicadas a João existiam em Éfeso, a qual alguns diziam ser uma de João, o Presbitero, outra do Apóstolo, e outros que ambas eram do Apóstolo, ainda que Eusébio, relate também "que Irineu e vários outros afirmam que João, Téologo e Apóstolo, viveu até os tempos de Trajano" [20].

O outro link com os tempos apostólicos é justamente a relação de Papias com Filipe e suas filhas. Eusébio relata:


Que Filipe o Apóstolo habitou em Hierápolis com suas filhas, já foi dito. Mas deve ser observado que Papias, afirma ter ouvido uma estória maravilhosa das filhas de Filipe. Porque ele relata que em seu tempo alguém ressuscitou dos mortos, e contra outra estória sensacional, a respeito de Justo, chamado Barsabas, que bebeu uma poção venonosa, e pela graça de Deus, nada sofreu.  [21]
  A mesmo episódio é de conhecimento de Filipe de Side (que escreve entre 434-439 DC):

"O já mencionado Papias afirma baseado na autoridade das filhas de Filipe, que Barsabas, que é chamado Justo, quando desafiado por descrentes, bebeu o veneno de uma serpente em nome do Senhor, e foi protegido de todo o mal. Ele afirma ainda outras coisas maravilhosas, em particular que a mãe de Manaim foi ressuscitada dos mortos. Para aqueles que foram ressucitados por Cristo, [ele afirma], que sobreviveram até o tempo de Adriano"[22]
O fragmento nos coloca diante uma narrativa pitoresca, fantástica.  Devemos observar, que Eusébio, apesar de citar Papias com certa frenquência em seus escritos, não é simpático ao velho Bispo.  Eusébio cita parábolas e ensinos estranhos do Senhor mencionados por Papias (como o relato de Justo Barsabás), e  parece profundamente incomodado com a crença do Pré-Milenarismo, principalmente porque, segundo Eusébio, a posição favorável do velho bispo influenciou decisivamente Irineu e vários outros pais da Igreja. Eusébio afirma que a crença de que o Reino do Senhor se materializaria na terra se devia auma compreensão equivocada do ensino apostólico, tomando literalmente coisas que eram simbólicas. Eusébio, imediatamente depois, afirma que Papias parece ter sido uma pessoa com capacidade intelectual limitada (Historia Eclesiastica, 3:39.

O leitor pode ter desses relatos de Papias, por razões diversas, uma impressão semelhante a de Eusébio. Principalmente em face dessas narrativas pitorescas. Nesse caso, o que poderíamos aproveitar?

Pelo caráter dos escritos de Papias, ele prefere o relato oral de pessoas que conheceram os apóstolos, do que as coisas que estavam escritas nos livros. Desta forma, podemos inferir que Papias recebeu o relato das filhas de Filipe pessoalmente, o que é consistente com o fato de que teriam vivido nas redondezas, possivelmente na própria Hierápolis. O relato pode até ter sido inventado por Papias, mas se ele utilizou a autoridade delas, para a invenção ser crível, deveriam haver filhas de Filipe vivendo nas proximidades de Hierápolis, o que é consistente com os testemunhos posteriores.

Devemos, antes, observar que a afirmação de que os ressuscitados em Cristo viveram até o tempo de Trajano" é associada por Eusébio ao apologista Quadrado de Atenas, então pode muito bem ser que Filipe de Side tenha atribuido a Papias uma afirmação de Quadrado. Temos ainda que trazer aos leitores do adcummulus, as observações do Professor Dennis MacDonald:

"Ancients were aware that snake venom was harmless when ingested; in fact, people were known to have drunk venom for medicinal purposes. it would appear that Eusebius, aware of the fact, altered Papias's account to read instead "a fatal poison" " (TraduçãoOs antigos estavam a par que veneno de serpente era inofensivo quando apenas ingerido. Na verdade, alguns foram conhecidos por beber veneno com propósitos medicinais. Parece que Eusébio, ciente desse fato, alterou o relato de Papias para uma "poção fatal"[23]
O episódio, como resumido por Filipe de Side, é que Justo bebeu veneno de cobra, e que teria sido após ter sido desafiado, o que soa um tanto imprudente (Justo não bebeu veneno por causa de uma execução, como Sócrates, ou por envenenamento a traição, como Buda). Esses elementos tornam sua versão mais crível, refletindo melhor o que Papias teria escrito.

Em relação ao ingestão de veneno por Justo, observa o Professor Steve A Johnson, do Departamento de Ecologia da Vida Selvagem e Conservação da Universidade da Flórida,

Venoms are generally not toxic if swallowed, and must be injected under the skin (by snakes, spiders, etc.) into the tissues that are normally protected by skin in order to be toxic. However, we do NOT recommend drinking venom! (Tradução) Venenos, geralmente, não são tóxicos se engolidos, e devem ser injetados subcutâneamente (por cobras, aranhas, etc...), em tecidos normalmente protegidos pela pele para terem efeito tóxico. Entretanto, nos NÃO RECOMENDAMOS beber veneno![24]
Esse é um exemplo, como já comentado aqui, de casos em que muitos episódios considerados como milagres não excluem uma explicação científica. Que Justo Barsabas tomou veveno em uma disputa com incrédulos, e nada lhe aconteceu, pode ou não ter acontecido, mas, como visto acima, a versão de Filipe de Side da narrativa escrita por Papias soa bastante plausível.

Do exposto, podemos concluir que a presença de Filipe e suas filhas em Hierápolis segue um padrão e uma linha de testemunhos bastante consistente, sendo provável que tenham sido sepultados lá.
Referências Bibliográficas
[1] François Bovon, "Women Priestesses in the Apocryphal Acts of Phillip" In Francois Bovon, Glenn E. Snyder (2009) New Testament and Christian apocrypha: collected studies II, fls. 246-247
[2] James McGrath (2008) History and Fiction in the Acts of Thomas: The State of the Question Journal for the Study of the Pseudepigrapha June 2008 17: 297-311.
[3] William Tabernee ( ) "Montanist inscriptions and Testimonia, fl. 53
[4]  James R Edward (2009) The Hebrew Gospel and the Development of the Synoptic Tradition, fls 15-16
[5] Dalle C Allison (1992) Peter and Cephas, One and the Same, Journal of Biblical Literature, Vol. 111, No. 3 (Autumn, 1992), pp. 489 citando Bart Erhman.
[6] Alice Whealey (2005), "Josephus, Eusebius the Ceasarea, and the Testimonium Flavianum" in Christfried Bottrich, Jens Herzer, Torsten Reiprich eds. (2007), Josephus und das neue Testament, Wechselseitige Wahrnehmungen II, fls. 106.
[7] Averill Cameron & Stuart G Hall (1999) Eusebius Life of Constantine, Translation with Introduction and Commentary, Introduction, fls 16-19.
[8] Martin Goodman (2007), Rome and Jerusalem: The Clash of Ancient Civilizations, fl. 6
[9] Timothy D Barnes (198 ) Constantine and Eusebius fls.140-141
[10] G.W Boversock, Peter Robert Lamont Brown, Oleg Grabar (2000) Late Antiquity: A Guide to the Postclassical World Montanists, fl. 189
[11] Tabbernee, William, 2007 Fake Prophecy and Polluted Sacraments: Ecclesiastical and Imperial Reactions to Montanism,  fls. 139/140
[12] Michel Yves Perrin (2009) Edificar Estruturas Cristãs: Estruturar as Igrejas In Alain Corbin, Nicole Lemaitre, Françoise Telaimon e Catherine Vincent (2009) História do Cristianismo, fls. 78-79
[13] Eusébio, História Eclesiastica, Livro V, Capítulo 24,
[14] Eusébio, Vida de Constantino, Livro III, Capítulo 18
[15] Eusébio, História Eclesiastica, Livro V, capítulo 24, versos 16 e 17 e Sozomen, História Eclesiástica, Livro VII, caiptulo 19
[16] Martin Hengel & Thomas Trapp (2010) Saint Peter: The Underestimated Apostle, fl.119
[17] Dennis MacDonald (2012):  Two Shipwrecked Gospels: The Logoi of Jesus and Papias’s Exposition of Logia about the Lord, fl. 40.
[18] São Irineu de Lion, Contra as Heresias, 5:33-34
[19] Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica Livro 3, Capítulo 39, tradução de Ivo Storniolo e Euclides M. Balancin, em Coleção Patrística nº 1,  Padres Apostólicos: Clemente Romano, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Pastor de Hermas, Carta de Barnabé, Papias e Didaque, Paulus, 1995
[20] Jerônimo, Dos Homens Ilustres, Capitulo 18; Eusébio, Crônicas, 220ª Olimpíada/Ano 100[21] Eusébio de Cesaréia, História Eclesiastica, Livro 3, Capítulo 39
[22]
[23]Dennis MacDonald (2012): Two Shipwrecked Gospels: The Logoi of Jesus and Papias’s Exposition of Logia about the Lord, fl. 40.
[24] Steve A Johnson (2012) Frequently Asked Questions about Venenous Snakes, questão: If you drink venom, will it kill you  http://ufwildlife.ifas.ufl.edu/venomous_snake_faqs.shtml. última modificação, maio de 2012. Acessado em 23.11.2012

 



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